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Política

Procurador responsável por acordo com a J&F denuncia premissas falsas de Toffoli

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As decisões do ministro do Dias Toffoli, de suspender as multas decorrentes da Lava Jato, permanecem sendo alvo de questionamentos por parte de juristas. Em entrevista ao Globo publicada nesta quarta-feira, 7, o Anselmo Lopes afirmou que o parecer de Toffoli foi construído em cima de premissas falsas.

Anselmo Lopes foi o procurador responsável pelo acordo com a J&F, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Ele também é ex-coordenador da força-tarefa da Operação Greenfield.

Na decisão de 20 de dezembro, usou como base um pedido da J&F que alega, dentre outros pontos, ter sido coagida a assinar o acordo. A empresa pediu a suspensão da cobrança da multa enquanto analisa provas obtidas na Operação Spoofing, apelidada de Vaza Jato.

Essas provas consistem em conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e integrantes da força-tarefa da Lava Jato, que tiveram os celulares invadidos pelo hacker Walter Delgatti Netto, e levantaram a suspeita de “conluio” e motivaram Toffoli a suspende a multa da J&F.

J&F
Procurador Do Mpf Anselmo Lopes | Foto: Reprodução/Mpf

Lopes, no entanto, afirma que os próprios executivos da empresa tiveram a iniciativa de colaborar com as investigações, e que não houve coação. “Eu até fiz uma representação criminal para apurar possível calúnia por parte do Francisco de Assis [advogado da J&F] depois disso. Partiu deles [da empresa] a intenção de fazer o acordo de leniência”, disse a .

Segundo o procurador, executivos da J&F relataram à Procuradoria-Geral da República (PGR) que estavam colaborando com a operação por medo de retaliações do , visto que a empresa, segundo eles, dependia de crédito público. Eles temiam que a empresa pudesse vir à falência.

O Ministério Público Federal (MPF) e a PGR aceitaram o acordo diante da possibilidade de reparar danos e buscar provas para outros casos relacionados à Lava Jato. 

O procurador também conta que o relacionamento com a J&F foi “amigável” durante o período de negociações. Ao chegarem em acordo sobre o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões por 25 anos, executivos da J&F disseram, inclusive, que a seria uma boa parceira para auxiliar nas investigações. 

Era do interesse do MPF e da PGR que a J&F, a partir do ocorrido, passasse a se engajar em um de “reconstrução de valores”. A empresa poderia deixar as práticas corruptas no passado caso participasse de ações relevantes à sociedade. Esse também foi um dos motivos da colaboração da J&F ter sido bem recebida.

Para Lopes, Toffoli agiu de forma precipitada em acreditar na defesa da J&F. Segundo ele, as alegações da empresa se diferem do comportamento dos executivos e de seus advogados durante o

“As decisões do ministro quanto à J&F e a Transparência Internacional foram feitas, apenas, em cima do relato da empresa. As premissas usadas como base para o parecer não são verdadeiras”, disse Lopes ao Globo.

Quando questionado sobre a Operação Spoofing, Lopes afirmou que não há relação entre a operação e o acordo feito com a J&F, e que também não há relatos ou diálogos obtidos pela Spoofing que possam desacredibilizá-lo.

Na visão de Lopes, a J&F pode ter recorrido ao ministro na tentativa de reduzir o da multa, já que outros investigados firmaram acordos com valores menores. Esse fator pode ter gerado um arrependimento do acordo, avaliou o procurador.

Fonte: revistaoeste

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