Em um recado ao vereador tenente-coronel Marcos Paccola (Republicanos), e também a outros policiais que pretendem disputar cargos eletivos, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (União), disse que os policiais que pretendem continuar sendo policiais, não podem entrar na política. Isso porque ao assumir mandatos, não devem mais portar armas de fogo, que podem colocar vidas em risco, como foi o caso de Paccola, que é réu na Justiça por ter matado o agente do socioeducativo Alexandre Miyagawa.
“Ele tem que ficar lá na polícia. Se ele entrou aqui, tem que esquecer a arma dele, porque a arma dele passa a ser o diálogo, a palavra, passa a ser o parlamento, não mais a arma”, disse o presidente da ALMT.
Quando Botelho tocou nesse assunto, ele estava conversando com jornalistas sobre uma postagem feita em uma rede social pelo deputado Gilberto Cattani (PL), em que ele que ele aparece ao lado de uma criança com arma na mão. Botelho disse que teria uma conversa com Cattani, por ele ser uma figura púbica, e que teria que tomar cuidado com o que publica.
Sobre o caso envolvendo Cattani, o procurador-geral de justiça, José Antônio Borges, determinou que o Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) examine a postagem publicada no perfil público de Cattani. O deputado disse que ainda não tinha sido notificado e que a arma que estava com a criança é de brinquedo.
Botelho ressaltou que sua recomendação não era apenas para Paccola, mas que serve para ele e para todos os outros policiais que pretendem entrar na política.
“Estou dizendo para todos os policiais, não só para estou dizendo para todos os policiais, não só para ele não, para todos os que querem continuar ostentando armas, ele não pode entrar na política, fica lá na guarnição”, sugeriu Eduardo Botelho.
Paccola, que foi indiciado por homicídio qualificado após inquérito policial, e tornou-se réu na Justiça após oferecimento de denúncia pelo Ministério Público, manteve sua pré-candidatura a deputado estadual pelo Republicanos nas eleições de outubro. Contra o vereador, tramita na Câmara de Cuiabá, na Comissão de Ética, pedidos de afastamento e de cassação de mandato em virtude de ter matado com três tiros pelas costas o agente Alexandre Miyagawa de Barros, o Japão, na noite de 1º de julho, nas imediações do Choppão.
Paccola alegou ter agido em legítima defesa, para defender a si próprio, a namorada do agente que estaria sendo ameaçada por Alexandre por uma arma, e por terceiros que estavam nas proximidades. No entanto, imagens de câmera de segurança contradizem a versão, já que Alexandre estava de costas quando foi atingido pelos disparos e não demonstrava sinais de que estaria ameaçando a namorada, Janaína Sá.
Paccola já foi questionado pela vereadora Edna Sampaio (PT), autora dos pedidos de afastamento e de cassação, por andar armado. Recentemente, Edna disse que “todo mundo se sente ameaçado quando você está num lugar onde você sabe que as pessoas usam armas e você diverge delas, e que em determinado momento a pessoa pode ficar tensa e acontecer… porque já aconteceu isso em vários lugares, parlamentos, inclusive no Congresso Nacional”.
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Esta semana Paccola rebateu a colega. Ele disse que a fala de Edna “desprezível” e que ela não se sente desta maneira quando visita locais “controlados por facções criminosas”.
“Quando vai a locais controlados por facções criminosas não se sente assim, mas diz se sentir insegura do meu lado. É um discurso deturpado, para dizer para as pessoas que sou alguém perigoso. Tenho 20 anos de polícia é só ver a minha trajetória, nunca peguei minha arma para ameaçar qualquer pessoa”, disse Paccola a respeito das declarações de Edna Sampaio.
Em declarações anteriores, a vereadora já apontou que, além de Paccola, outros colegas circulam armados, como é o caso dos vereadores Sargento Joelson e Sargento Vidal.