O ministro do Supremo Tribunal Federal () Alexandre de Moraes determinou a busca e apreensão contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) na última quinta-feira, 18.
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Na decisão, o magistrado cita a suposta relação entre o parlamentar e Carlos Victor de Carvalho, suplente de vereador da Câmara Municipal de Campos dos Goytacazes (RJ) e conhecido pelo apelido CVC.
O ministro se baseou em conversas uma troca de mensagens pelo aplicativo WhatsApp para determinar o mandado de busca e apreensão em endereços ligados ao deputado.
Na decisão contra Jordy, Moraes afirma que:
- a polícia federal revelou uma “forte ligação” entre Jordy e CVC;
- há “indícios” de que o deputado “seria a pessoa que efetivamente orientava as ações em tese organizadas por Carvalho”;
- diz que uma conversa de 1º de dezembro de 2022 entre os dois é “elucidativa”;
- Carvalho entrou em contato com Jordy em 17 de janeiro de 2023, quando se encontrava foragido; e
- há “fatos suficientes” para justificar que o congressista seja investigado.
A seguir, o diálogo entre Jordy e CVC, citado na decisão de Moraes:
— CVC: Bom dia, meu líder. Qual direcionamento você pode me dar? Tem poder de parar tudo.
— Jordy: Fala, irmão. Beleza? Está podendo falar aí?
— CVC: Posso, irmão. Quando quiser pode me ligar.
De acordo com Moraes, CVC chama Jordy de “meu líder” e pede orientação quanto a “parar tudo”. Para o magistrado, essas quatro palavras seriam “fortes indícios de envolvimento” do deputado nos atos que resultaram no bloqueio de rodovias pelo país.
Conforme Oeste noticiou nesta sexta-feira, 19, o ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba Deltan Dallagnol .
De acordo com Dallagnol, o fato de Jordy ter sido chamado de “meu líder” por CVC e, por causa disso, ser tomado por “mandante das ações organizadas por este, desafia a inteligência humana”.
“É comum que pessoas se chamem umas às outras de ‘mestre’ ou ‘chefe’”, enfatizou o ex-procurador e ex-deputado federal. “A expressão ‘meu líder’ é particularmente comum nos corredores do Congresso, por conta da importância dada às lideranças partidárias. Eu mesmo fui chamado de ‘meu líder’ mais de uma centena de vezes. O argumento de Moraes é tão fraco que, na mesma troca de mensagens, Jordy e CVC se chamam mutuamente de ‘irmão’ e dessa vez ninguém, nem a PF, a PGR ou Moraes, concluiu a partir disso que eles são irmãos.”
Ainda segundo o ex-deputado, há outras duas hipóteses que explicariam as buscas e apreensões. A primeira é que haveria uma fishing expedition — pescaria probatória, “que acontece quando alguém é alvo de buscas sem objeto definido para ‘pescar’ provas de outros possíveis crimes não relacionados com as investigações”.
“Trata-se, portanto, de investigar pessoas e não fatos”, afirma Dallagnol. “O que viola o direito penal democrático.”
A segunda hipótese é de que “as buscas objetivavam obter acesso ao celular e computador de Jordy”. De acordo com Dallagnol, isso “dá ao Supremo acesso a todas as estratégias, conversas e diálogos da oposição”. “Não é preciso muita imaginação para compreender o estrago que informações sensíveis como essa podem fazer nas mãos do governo.”
Fonte: revistaoeste