O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), órgão de fiscalização e administração do MP, estuda criar um bônus em dinheiro, fora do teto remuneratório, para promotores e procuradores que trabalham em cidades afastadas dos grandes centros urbanos ou em unidades com demandas “complexas”.
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A proposta de bônus partiu do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que apresentou uma minuta de resolução aos conselheiros na última sessão do colegiado, na semana passada.
O conselheiro Moacyr Rey Filho ficou incumbido de relatar a proposta do bônus em dinheiro e ainda vai apresentar a versão final. Até lá, o texto pode sofrer ajustes. No mês passado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma política de incentivo parecida.
Conforme a ideia inicial de Gonet, teriam direito ao incentivo financeiro promotores e procuradores de:
- Cidades com menos de 30 mil habitantes;
- Cidades em zona de fronteira, situadas a até 150 quilômetros em linha reta de divisas internacionais;
- Comarcas ou ofícios a mais de 400 quilômetros da sede do Ministério Público;
- Unidades com “significativa rotatividade”, risco de segurança ou “atribuição em matéria de alta complexidade ou em demandas de grande repercussão”;
- Cidades na região Norte sem acesso rodoviário à sede do Ministério Público ou à capital do Estado ou com transporte “multimodal e especialmente oneroso, demorado ou perigoso”.
A resolução não revela o impacto financeiro da medida. Não há dados sobre o valor nem o porcentual a ser pago aos promotores e procuradores a título de compensação. O texto define apenas que o benefício deve ser proporcional ao tempo de serviço prestado. Segundo a proposta, cada unidade deverá editar atos normativos para estabelecer “quantitativo” e outros critérios de pagamento
Para receber o bônus, segundo a versão inicial da resolução, os membros do Ministério Público precisam comprovar que efetivamente moram na cidade.
O bônus em dinheiro faz parte de uma política mais ampla de incentivo à interiorização, com objetivo de atrair membros do MP a regiões e unidades de “difícil provimento”.
“Em diversas regiões do país, especialmente nas áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos, enfrentamos um cenário crítico de precariedade estrutural. O isolamento e a distância de serviços essenciais, além da violência e da criminalidade, contribuem para uma situação em que há relevante dificuldade de provimento ou alta rotatividade de membros e servidores”, escreveu Gonet na justificativa que acompanha o projeto.
Mais de 4 mil cidades no Brasil têm menos de 30 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já os municípios em regiões de fronteira são 590. Nem todos têm ofícios do MP. Até agora, a PGR ainda não detalhou quantos e quais municípios adotariam o incentivo, de quanto seria e qual seria o impacto.
Redação , com informações da Agência Estado
Fonte: revistaoeste