O general da reserva Walter Braga Netto tentou buscar informações confidenciais sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, através do pai do militar, general Mauro Lourena Cid. É o que informa a Polícia Federal (PF), responsável pela prisão do ex-candidato a vice-presidente na chapa com (PL) em 2022.
A ação da baseou-se em perícia no celular de Lourena Cid e em um novo depoimento de Mauro Cid, prestado em 5 de dezembro. As investigações sugerem que Braga Netto tentou obter dados sigilosos logo depois de Mauro Cid ser solto em setembro de 2023.
De acordo com a PF, Braga Netto demonstrou intenção de interferir nas investigações, a fim de supostamente controlar as informações fornecidas por Mauro Cid e alinhar as versões entre os investigados. Além disso, mensagens entre Lourena Cid e Braga Netto foram apagadas antes da Operação “Lucas 12:2”, em agosto de 2023, que investigava a venda de joias de Estado para beneficiar Bolsonaro.
Mauro Cid, em seu depoimento, relatou que os contatos começaram em meio a especulações sobre a homologação de sua delação. “Fazia um contato com o meu pai, tentavam ver o que eu tinha, se realmente eu tinha colaborado, porque a imprensa estava falando muita coisa”, afirmou, ao também mencionar a tentativa de outros intermediários se aproximarem dele.
A investigação ainda levantou suspeitas sobre o coronel reformado Jorge Luiz Kormann, que teria enviado mensagens ao general da reserva Mario Fernandes. Nessas mensagens, mencionou-se que os pais de Mauro Cid negaram as informações sobre o acordo de delação a Braga Netto e Augusto Heleno.
Outro elemento significativo foi a descoberta de um documento suspeito na sala do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto, durante buscas na sede do Partido Liberal em fevereiro de 2024. O documento listava perguntas e respostas sobre a delação de Mauro Cid, sugerindo que interlocutores de Braga Netto tiveram acesso a informações internas.
Flávio Peregrino também foi alvo de buscas no mesmo dia da prisão de Braga Netto e recebeu medidas cautelares, como a proibição de comunicação com outros investigados.
A prendeu Braga Netto hoje cedo. Ele foi indiciado no inquérito que investiga uma suposta trama golpista. Durante a operação, agentes realizaram buscas em sua residência.
A prisão ocorreu em Copacabana, na zona sul do . Depois de ser detido, Braga Netto foi encaminhado ao Comando Militar do Leste, onde ficará sob custódia do Exército.
Em sua defesa, o general nega as acusações. Ele declarou que nunca se tratou de golpe, “muito menos de plano de assassinar alguém”.
Segundo o relatório da Polícia Federal, Braga Netto tentou obter informações sobre o acordo de colaboração do tenente-coronel , ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. De acordo com a PF, essa tentativa ocorreu por meio dos pais de Cid.
O relatório final da investigação, que indiciou Bolsonaro, Braga Netto e outras 35 pessoas, afirma o seguinte: “Outros elementos de prova demonstram que Braga Netto buscou, por meio dos genitores de Mauro Cid, informações sobre o acordo de colaboração”.
Fonte: revistaoeste