O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vandalizou lojas de vinhos da Salton, em São Paulo, na tarde desta quarta-feira, 8. Apenas mulheres participaram da manifestação, que ocorreu na Avenida Pacaembu, zona oeste da capital. O espaço se tornou famoso pelo nome Enoteca Família Salton.
Os sem-terra jogaram tinta vermelha na fachada do prédio, gritaram palavras de ordem e estenderam faixas contra o agronegócio. De acordo com os militantes, o setor “lucra com a fome e com a violência”.
Leia mais: , reportagem publicada na Edição 115 da Revista Oeste
O ato ocorre exatamente no Dia Internacional da Mulher. A manifestação desta quarta-feira faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que acontece anualmente. A data conta com mobilizações, protestos e ações de formação de militantes, por exemplo.
Mulheres sem terra reforçaram a denúncia pública contra as vinícolas ligadas à contratação de mão-de-obra análoga à escravidão de trabalhadores nordestinos resgatados na última semana, em Bento Gonçalves (RS), envolvendo as empresas Salton, Aurora e Garibaldi. pic.twitter.com/stjHO8vbch
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) March 8, 2023
Denúncias contra vinícolas
Acusadas de uso de trabalho análogo à escravidão, três vinícolas gaúchas se manifestaram conjuntamente para rechaçar as denúncias. As empresas estão entre os principais produtores de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.
“Jamais silenciaríamos nem deixaríamos de adotar medidas concretas para enfrentar o fato ocorrido em nossa região”, divulgaram as entidades representativas do setor, em comunicado.
A denúncia veio à tona em 22 de fevereiro, por meio da empresa terceirizada Fênix Serviços de Apoio Administrativo. A companhia presta serviço às vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton, entre outros produtores.
Conforme a acusação, três trabalhadores procuraram a polícia para dizer que eram mantidos contra sua vontade num alojamento na cidade de Bento Gonçalves. Uma operação policial realizada no mesmo dia identificou outras 200 pessoas que estariam em situação semelhante, classificada como trabalho análogo à escravidão.
A Fênix atua na região há dez anos. Ainda de acordo com a denúncia, havia “extorsão, ameaças, agressões e torturas” contra os trabalhadores. O fato era desconhecido pelas vinícolas.
“O contrato era de prestação de serviço de descarregamento dos caminhões e seguia todas as exigências contidas na legislação vigente”, informou a Cooperativa Garibaldi. Conforme fontes ouvidas por Oeste, a vinícola contratou apenas 15 terceirizados da Fênix nesta safra. A maior contratante era a Vinícola Aurora. “O ocorrido merece total repúdio de todos que prezam pela dignidade humana”, manifestaram as entidades e as vinícolas. “A ocorrência não representa as práticas do setor.”
O leitor pode entender ainda mais sobre as denúncias ao clicar neste .
Fonte: revistaoeste