O ministro das Finanças de Portugal, Fernando Medina, descartou que o acordo entre a União Europeia (UE) e o vai acontecer no 1º semestre deste ano. Ele concedeu uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, 29.
Medina explicou que a UE terá eleições para definir o novo Parlamento em junho deste ano, e a discussão sobre o acordo deve acontecer na próxima legislatura. O governo brasileiro pretendia fechar o acordo ainda no ano passado, mas sofre pressão da , que é contrária à medida.
“Há um contexto que tem que ser compreendido”, explicou o ministro português. “A Europa enfrenta uma situação, depois de uma crise inflacionária, em que haverá eleições. Creio que, até as eleições europeias, em junho, não teremos o desenvolvimento desse tema e qualquer nova iniciativa ficará nas mãos da nova Comissão Europeia.”
O ministro veio ao Brasil para participar das reuniões do G20, que ocorreram nesta semana em São Paulo. Portugal foi convidado pelo governo brasileiro para participar do fórum.
“Apreciamos muito o convite que o Brasil nos fez”, disse Medina. “Foi um gesto de reconhecimento do papel de Portugal no cenário internacional. Portugal é um país que tem uma visão muito própria do mundo. Estamos geograficamente localizados no continente europeu, mas temos um mundo econômico, cultural, histórico, diplomático e afetivo que transborda as fronteiras da Europa.”
O político português falou sobre a expectativa para o novo Parlamento Europeu e disse esperar que “haja capacidade de se manter o trabalho já feito”. Medina afirmou ser favorável ao acordo com o Mercosul.
“Temos sido apoiadores muito claros do acordo desde o seu início e mantemos essa posição”, explicou o político português. “Nossa opinião é que o acordo, no geral, é benéfico para a União Europeia e nada deve ser jogado fora.”
Agricultores de diversos países europeus têm realizado manifestações contra medidas da UE para o setor agrícola. Os produtores cobram ações para conseguir baratear o preço de seus produtos e barrar acordos de livre comércio com o Mercosul.
Para os agricultores, há grandes exigências ambientais que geram altos custos para os produtores rurais europeus, e a concorrência com importações de baixo custo prejudica os lucros dos produtores locais.
Medina explica que é preciso entender esse contexto e que a UE enfrenta um desafio importante, que é garantir uma autonomia estratégica.
“A relação com Mercosul reforça a autonomia estratégica de forma significativa”, disse o ministro português. “A capacidade de comércio até agora não existe com força que pode acontecer, o que seria bom, obviamente, para dar essa mesma autonomia à União Europeia. Por isso, como diz o nosso ditado português, ‘água mole em pedra dura tanto bate até que fura’. E quero deixar uma mensagem de esperança.”
Fonte: revistaoeste