Em entrevista ao desta quinta-feira, 16, o ex-presidente Jair Bolsonaro revelou com exclusividade que sua mulher, Michelle Bolsonaro, o representará na posse do presidente norte-americano Donald Trump. Também devem comparecer seus filhos Flávio e Eduardo Bolsonaro.
Bolsonaro disse que Michelle também foi convidada para a cerimônia, onde “vai fazer sua parte”. “Ela vai ter um tratamento bastante especial lá, pela consideração que o presidente Trump tem para comigo”, disse o ex-presidente. Michelle deve viajar aos Estados Unidos na manhã de sábado, 18, quando embarcará no Aeroporto Internacional de Brasília, segundo Bolsonaro.
O ex-presidente ainda revelou que pretendia aproveitar a viagem para se encontrar com outros líderes de direita ao redor do mundo, como o húngaro Viktor Orbán, o argentino Javier Milei, a italiana Giorgia Meloni e o salvadorenho Nayib Bukele.
Bolsonaro disse ter construído relações de amizade com Trump ao longo de dois anos e que o norte-americano manteve seu apoio a ele, mesmo depois de sair da Presidência. “É comum, quando você está no poder, ter seus amigos, mas quando deixa o poder, 90% vão embora”, refletiu. “Mas com Trump isso não aconteceu.”
O ex-presidente disse que não comentaria os pormenores da decisão de Alexandre de Moraes em não devolver seu passaporte por orientação de seus advogados, mas frisou que ainda há caminhos legais para que ele possa retomar o direito a viajar ao exterior, ainda que considere uma “esperança muito pequena”. “Não sou réu em nada, não devo nada para ninguém”, disse Bolsonaro. “Não fui julgado por ninguém, estou sendo julgado por narrativas.”
Nas eleições gerais de 2026, o ex-presidente antecipou que Flávio deve buscar a reeleição como senador pelo Rio de Janeiro; Eduardo, hoje deputado federal, deve se candidatar a senador por São Paulo.
Carlos, por sua vez, deve sair a deputado federal pelo Estado do Rio. Jair Renan, recém-eleito vereador por (SC) em 2024, pode se candidatar a deputado federal pelo Estado catarinense.
Bolsonaro ainda citou alguns nomes que considera boas opções, como Tarcísio de Freitas, governador de SP; Jorginho Mello, governador de SC; Luciano Zucco, deputado federal pelo RS; Gustavo Gayer, deputado federal por GO; e Bia Kicis, deputada federal pelo DF. Ao citar Nikolas Ferreira (PL-MG), de 28 anos, Bolsonaro elogia os quadros jovens de seu partido, algo que “o PT não tem”.
No entanto, o ex-presidente acredita que ainda não há uma liderança de âmbito nacional além de ele próprio. “Por isso, insisto nessa tecla de buscar o meu direito”, diz Bolsonaro. “O meu julgamento foi justo? As minhas duas inelegibilidades foram justas?”
Bolsonaro contestou as razões pelas quais foi declarado inelegível, como a reunião com embaixadores para tratar sobre as urnas eletrônicas. Na ocasião, recorda Bolsonaro, o encontro discutia o , instaurado para apurar possível ataque hacker contra as urnas eletrônicas do sistema eleitoral brasileiro.
Bolsonaro ainda rechaça a acusação de que tenha usado a estrutura dos desfiles do 7 de Setembro de 2022 para fazer campanha eleitoral. “Acabou o desfile, entreguei a faixa e subi no carro de som, que era do pastor Silas Malafaia, e falei com o povão”, justifica.
“Todo dia eu peço a Deus que conforte os presos e os familiares dos presos que estão espalhados pelo Brasil”, conta Bolsonaro, sobre os condenados pelos atos de 8 de janeiro. “É de cortar o coração acusar essas pessoas de tentativa armada de golpe.”
O ex-presidente disse que as condenações geraram “órfãos de pais vivos”. “Imagine, você pai, você mãe, com filho de 3, 4, 5, 6 anos de idade, de repente ser condenado a 17 anos de cadeia, porque estava com a camisa verde e amarela naquele domingo.”
“Nunca se viu uma injustiça tão grande como essa aqui no Brasil, julgada em última instância”, disse Bolsonaro.
Para Bolsonaro, o quebra-quebra começou antes de os manifestantes chegarem à Praça dos Três Poderes. “O ministro da Justiça, Flávio Dino, negou 200 vídeos para mostrar o que estava acontecendo”, criticou. “Se o golpe é do Bolsonaro, mostre os vídeos!”
Segundo o ex-presidente, trata-se de uma jogada política para condená-lo por tentativa de golpe no 8 de janeiro. “Se insiste nessa narrativa com essas pessoas humildes presas.”
Bolsonaro se mostrou desesperançoso para 2025. “Será que conseguiremos um ponto de inflexão no corrente ano, ou virão mais arbitrariedades, mais prisões, mais buscas e apreensões, mais pescas probatórias para ajudar a construir narrativas?”, questiona. “Isso é justiça?”
Fonte: revistaoeste