Em gravação obtida pela revista Veja nesta quarta-feira, 29, o tenente-coronel Mauro Cid disse que nunca falou a palavra “golpe” em sua delação premiada. O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro firmou o acordo com a Polícia Federal () em agosto de 2023.
O áudio foi registrado no primeiro semestre de 2024. Nele, Cid criticou a forma com que suas confissões foram registradas pela PF e vazadas à imprensa. Claramente irritado, ele alega que palavras foram atribuídas a ele indevidamente.
“Vou te dizer… Isso tá entalado, cara”, desabafa ao interlocutor. “Você viu que botaram a palavra golpe? Não falei essa palavra uma vez sequer! Então, quer dizer… Foi um erro, sei lá, talvez pela minha condição psicológica na hora. Mas não falei golpe uma única vez!”
O áudio reforça o que Cid declarou em uma gravação divulgada em setembro de 2024. Na ocasião, ele sugeriu que suas declarações à PF foram distorcidas para encaixar na versão dos investigadores. “Já tinham uma história pronta”, denunciou. “Não queriam saber a verdade, apenas que confirmasse o que queriam.”
Os depoimentos de Cid embasaram operações contra aliados de Bolsonaro, como a prisão do general Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice-presidente em sua chapa nas eleições de 2022. O militar foi detido em dezembro de 2024, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do .
A delação de Cid, o que inclui os depoimentos e os vídeos dos interrogatórios, segue sob sigilo no gabinete de Moraes. A defesa de Braga Netto tentou obter acesso ao conteúdo da colaboração, mas o pedido foi negado pelo ministro.
A defesa de Bolsonaro criticou o vazamento da delação de Mauro Cid. Por meio de uma nota divulgada no último domingo, 26, os advogados disseram que, por não terem acesso à íntegra da delação, os “vazamentos seletivos” prejudicam seu trabalho.
Os advogados criticaram as “investigações semissecretas”, uma vez que, ao mesmo tempo que a defesa não tem acesso ao conteúdo total das investigações, trechos são vazados para a imprensa. Bolsonaro e outras 39 pessoas foram indiciadas pela PF por suposta tentativa de golpe de Estado.
Fonte: revistaoeste