foi uma anormalidade conflituosa, não resta dúvida. Mas pergunto retoricamente se a normalidade pacífica trazida de volta por Lula não é algo anormal.
A posse de no STF, descrita como “sem pompa”, um clichê jornalístico, chamou a minha atenção. Não porque até a pompa brasileira é sem pompa, e é melhor mesmo que não haja pretensões inalcançáveis. Tem-se pompa na França, na Itália, nos , para ficarmos apenas nas repúblicas, e a visão longínqua de tanto garbo já nos basta, entre suspiros invejosos. De toda forma, a falta de pompa é um normal inofensivo.
O normal algo anormal é esse clima de confraternização em , como se os Três Poderes se encontrassem em harmonia, sem que o Executivo não estivesse sendo chantageado pelo Legislativo e governasse com o Judiciário; o Legislativo não estivesse chantageando o Executivo e tivesse competências suas tomadas pelo Judiciário; e o Judiciário não estivesse legislando e governando com o Executivo.
“O normal algo anormal são os cochichos entre Lula e Arthur Lira na posse de Flávio Dino e a happy hour no Palácio do Alvorada”
Mario Sabino
O normal algo anormal é ninguém se espantar nem um pouco com a notícia de que Lula deu uma missão — a primeira, haverá outras — a Flávio Dino no STF: “derrubar as restrições a políticos no comando de empresas públicas impostas pela ”, como publica a jornalista Malu Gaspar.
O normal algo anormal são os cochichos entre Lula e na posse de Flávio Dino e a happy hour no , uma sugestão do presidente da Câmara ao presidente da República para aproximar Lula dos deputados “em meio à crise de articulação política com o Planalto”, segundo a jornalista Tainá Falcão.
O pastel de camarão da happy hour pode custar R$ 5,6 bilhões em emendas do orçamento secreto que deixou de ser secreto porque tudo está sendo feito à luz do dia. É o normal algo anormal do . Tudo voltou a ser como antes, e até pior, mas a paz reina em Brasília.
Fonte: revistaoeste