Durante seu pronunciamento no Egito, nesta quinta-feira, 15, o Luiz Inácio Lula da Silva disse que Israel descumpre as decisões tomadas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por outros órgãos multilaterais sobre a reação bélica do grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
O petista disse ainda que a ONU “não tem forças suficientes” atualmente para evitar guerras e defendeu a reforma dos órgãos multilaterais internacionais. As declarações foram dadas a jornalistas ao lado do presidente do Egito, o general Abdul Fatah Khalil al-Sisi, que está há mais de dez anos no poder.
“A única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas”, declarou Lula.
O chefe do Executivo desembarcou no país na quarta-feira 14, quando as tensões entre o país árabe e Israel aumentaram devido às ameaças de ações militares israelenses no sul da Faixa de Gaza.
Apesar da viagem ao Egito marcar os cem anos das relações diplomáticas com o Brasil, A região sul de Gaza abriga mais de 1 milhão de palestinos, que saíram de outras regiões destruídas pela guerra. O local é praticamente o último refúgio.
Ainda em seu pronunciamento, Lula disse considerar o ataque do Hamas como um ato terrorista, mas destacou que a reação de Israel “não tem explicação”, pois estaria matando mulheres e crianças em Gaza.
“O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e ao sequestro de centenas de pessoas, e nós condenamos e chamamos o ato de terrorista”, declarou o petista.
“Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”, continuou.
O presidente disse ainda que as instituições multilaterais globais, como a ONU, foram criadas para resolver problemas entre países, mas não conseguem atuar nesse sentido.
“Temos a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que, por mais que eu procure explicação, eu não encontro uma explicação porque a ONU não tem forças suficientes para evitar que essas guerras aconteçam, antecipando qualquer aventura”, observou Lula.
“As últimas guerras que nós tivemos, como a invasão ao Iraque, não passou [sic] pelo Conselho de Segurança da ONU; a invasão à [sic] Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU; a Rússia não passou pelo Conselho de Segurança para fazer a guerra com a Ucrânia, e o Conselho de Segurança não pode fazer nada na guerra entre Israel e Faixa de Gaza”, disse.
O petista pediu apoio ao Egito para promover mudanças na ONU. Trata-se de uma bandeira que o presidente defende desde o início do seu terceiro mandato, mas que dificilmente terá sucesso.
“É preciso que o Conselho de Segurança da ONU tenha outros países participando, outros países da África, outros países da América Latina”, destacou. “É preciso que tenha uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países e é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas e não atores que fomentam a guerra.”
Por fim, Lula agradeceu ao presidente egípcio. A passagem de Rafah, que dá acesso ao Egito, é a única fronteira da região que possuí saída para outro território que não seja por Israel.
Desse modo, o Brasil precisou negociar com o governo egípcio para que os brasileiros entrassem no território do país e embarcassem de volta ao Brasil.
“Eu não poderia deixar de começar toda a minha conversa agradecendo ao presidente Al-Sisi pela solidariedade que ele teve em ajudar o Brasil a tirar os brasileiros e brasileiras que estavam na Faixa de Gaza”, disse Lula.
Fonte: revistaoeste