O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a ordem de adiar a distribuição de dividendos extraordinários aos acionistas não foi do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração ocorreu nesta segunda-feira, 11, em entrevista ao GloboNews e ao g1.
“O presidente não deu nenhuma ordem sobre a questão dos dividendos”, disse Jean Paul Prates. “Estamos discutindo isso com o acionista majoritário dentro dos espaços possíveis. Houve uma discussão a tempo do anúncio do balanço. Havia necessidade de fechar o balanço. E foi definido que a gente adiaria a discussão.”
As ações da empresa também fecharam em queda, nesta segunda-feira. Os papéis preferenciais caíram 1,30% e as ordinárias recuaram 1,92%.
As empresas listadas na bolsa podem pagar uma parcela do lucro para os acionistas. Esse valor é chamado de dividendos e incentiva a compra de novas ações.
A Petrobras divulgou o balanço financeiro de 2023 na quinta-feira 7. O resultado da empresa foi abaixo das projeções e frustrou as expectativas do mercado, que esperava o pagamento dos dividendos extraordinários.
A Petrobras deve pagar R$ 14,2 bilhões em dividendos para o trimestre. O valor está dentro do modelo de pagamento mínimo da companhia. O conselho de administração da Petrobras chegou a propor o pagamento de uma fatia maior do lucro aos acionistas. Porém, os representantes do governo votaram contra a proposta que foi rejeitada.
À GloboNews, Jean Paul Prates explicou que ainda precisa ser definido o que será feito com os dividendos restantes. Ele disse que os valores extraordinários “não podem ser usados para outra coisa”.
“Ficamos com aquela decisão pendente”, disse o presidente da Petrobras. “Os dividendos extraordinários, é bom que se diga, se distribuem 100% para os acionistas, inclusive o governo, que tem 37% disso, ou fica tudo numa conta de reserva.”
Jean Paul Prates disse que está discutindo com a diretoria o que será feito com o valor que restou. “Parti com a diretoria para uma proposta intermediária, uma proposta de 50% a 50%”, explicou. “A gente divide uma metade, distribui. Afinal, esses acionistas também acreditaram na nossa gestão.”
Apesar da declaração do Prates, o jornal O Globo apurou que Lula arbitrou pessoalmente na disputa da Petrobras e decidiu que a empresa não pagaria dividendo extra. Por isso, o governo definiu que todos os representantes tinham de votar contra os dividendos. Porém, o presidente da Petrobras se absteve na votação.
Depois, uma ala do governo Lula pressionou o presidente da República pela saída de Jean Paul Prates do comando da Petrobras, segundo o jornal.
Nesta segunda-feira, o presidente da empresa se reuniu com Lula. Ele disse que o compromisso já estava agendado, e não tinha foco na questão dos dividendos.
“Essa atualização junto ao presidente estava combinada para hoje”, explicou Prates. “É claro que o assunto de dividendos deve surgir no fim da reunião. A gente vai falar um pouco sobre isso, mas o objetivo da reunião não é esse.”
Fonte: revistaoeste