O senador Jayme Campos (União) disse que deve ser respeitada a decisão do povo brasileiro, que elegeu no domingo (30.10) Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República. Ele avaliou como “sem fundamento” os bloqueios nas rodovias iniciados no domingo à noite por bolsonaristas, que não aceitam a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso porque o movimento está prejudicando a população e cerceando seu direito de ir e vir.
“Não passa de um movimento sem fundamento na medida que a sociedade precisa de união para buscar soluções, possibilidades para o Brasil, e esse não é o melhor caminho. De modo que eu acho que as autoridades competentes estão tomando as devidas providências para fazer a desobstrução de todas as vias públicas, sobretudo as rodovias federais e eventualmente alguma rodovia estadual, que está trazendo sérios prejuízos à população de maneira geral, não só para as atividades econômicas, mas sobretudo para a população”, disse o senador, em entrevista a jornalistas nessa segunda-feira (1º/11)
Nessa segunda-feira, o governador Mauro Mendes se reuniu com o procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges, e o secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, para discutir as medidas a serem tomadas para a desobstrução das rodovias, atendendo a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Também participaram da reunião no Palácio Paiaguás o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alexandre Mendes; o superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Francisco Lucena; o procurador da República em MT, Gabriel Pimenta Alves; o secretário-adjunto de Inteligência da SESP-MT, Wilton Massao; e o promotor de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional de Segurança da Informação, Mauro Zaque.
Conforme a decisão do ministro Alexandre de Moraes, a PRF e as polícias militares estaduais devem fazer a desobstrução de vários pontos das rodovias federais em alguns estados, incluindo Mato Grosso. Segundo o secretário Bustamante, todas as forças de segurança no Estado – PRF, PM, Polícia Federal, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros Militar – estão mobilizadas para cumprir a determinação. Ele disse que, a princípio, vai se buscar o diálogo, mas se for necessário, será empregado o uso de força para retirar os manifestantes dos pontos de bloqueio.
Jayme Campos entende que a determinação do ministro deve ser cumprida, mesmo com o uso de força, até porque ele observa que o movimento em ação nos pontos de bloqueio beira à anarquia.
“É o mínimo que tem que ser fazer, caso contrário, é desobediência civil. Me parece que está havendo aí um movimento anarquista, não é um movimento de fato de segmento de classes. Temos que restabelecer a ordem no Brasil e você faz, muitas vezes, no diálogo e no entendimento. Todavia, quando não é possível, temos as ferramentas legais para cumprir certamente aquilo que a lei permite”, analisou o senador.
A preocupação para Jayme Campos é o risco de desabastecimento, que começa a ocorrer em algumas cidades, como Alta Floresta, que já tem falta de óleo diesel e de outros produtos. Já está ocorrendo também o desabastecimento de matérias primas e insumos utilizados na indústria.
Risco de golpe
Jayme Campos descartou a possibilidade de golpe, como muitos partidários do atual presidente defendem. Ele disse que o Brasil precisa voltar à normalidade e que o presidente Bolsonaro vai respeitar naturalmente aquilo que foi decidido por meio das urnas.
“Estamos vivendo em plena democracia, acho que o mínimo que tem que ser respeitado é a decisão popular. Agora, é aquela história, quem disputa eleição e só quer ganhar e aí diz para o outro lado que as urnas não estão funcionando e funcionaram muito bem para eleger o presidente Bolsonaro lá atrás, prevalece também para eleger outro candidato, que fosse o Lula ou outro. De qualquer forma, eu espero que o presidente respeite a decisão da sociedade brasileira, dos eleitores que compareceram de forma livre e democrática, e possamos retomar o nosso País a normalidade com crescimento econômico e prosperidade”.
Pontos liberados
Na tarde dessa terça-feira (1º/11), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) liberou dois pontos que estavam bloqueados: no km 713 da BR-163, em Sorriso; e no km 735 da BR-070, em Cáceres, onde está localizada a Ponte Marechal Rondon. Nessa quarta, a bloqueio no Trevo do Lagarto, na saída de Várzea Grande, também foi liberado. Ainda restam cerca de 30 pontos de bloqueio nas rodovias federais no Estado, dentre elas as BRs 070, 158, 163, 174 e 364. Em alguns trechos os manifestantes liberaram o tráfego de ambulâncias, veículos que transportam cargas perecíveis ou vivas, ônibus e carros que transportam pessoas com compromissos médicos.
Fonte: esportesenoticias