“Se para o povo francês o Carrefour não serve para comprar carne brasileira, que o Carrefour também não compre carne brasileira para colocar nas suas gôndolas aqui no Brasil”, afirmou o ministro em entrevista concedida ao Portal UOL nesta segunda-feira (25).
Além de abraçar o boicote comandado pelos produtores de carne que passaram a se recusar a vender seus produtos às redes ligadas ao Carrefour no país, tais como os supermercados Atacadão e Sam’s Club, Fávaro rebateu as acusações feitas por Bompard de que o Brasil não tem muitos cuidados com a sanidade das carnes produzidas.
“O Brasil tem uma agricultura de larga escala, de volume, segurança de fornecimento. A reação é desproporcional. Tanto que todos os outros países da comunidade europeia já compreenderam a situação e são favoráveis ao acordo. (…) O Brasil tem uma das melhores sanidades de produtos alimentícios do mundo. Não dá nem para comparar com a qualidade francesa”, disse o ministro.
O anúncio feito pelo CEO da Carrefour causou um mal-estar institucional entre Brasil e França. Ocorre que, devido aos protestos dos produtores franceses que são contra o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, o CEO da rede decidiu não comercializar carnes importadas da América do Sul no país, no entanto, a decisão não pegou bem na Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Em um comunicado nas redes sociais, Bompard afirmou que a rede está disposta a recusar qualquer oferta de carne do Mercosul, independentemente do preço ou quantidade.
No mesmo dia em que o anunciou foi publicado, o governador Mauro Mendes (União) também sugeriu um boicote ao Carrefour e Atacadão. Defendendo o princípio da reciprocidade, Mauro acredita que a população mato-grossese e brasileira também deve boicotar a rede francesa.
“O diretor mundial do Carrefour, dono também do Atacadão aqui no Brasil, tomou a decisão de não comprar mais carne brasileira, nem de outros países da América do Sul. Essa é uma clara medida em resposta aos produtores franceses, que protestam contra o acordo entre o Mercosul e União Europeia, pois não conseguem competir com o agronegócio brasileiro, e recorrem a esse artifício. Respeitamos o direito do Carrefour de selecionar os seus fornecedores. Entretanto, nós brasileiros também temos o direito de comprar de quem quisermos. Se o Brasil não serve para vender carne para eles, então essa empresa não deveria sem bem vista aqui”, enfatizou o governador.
Para Mauro, essa atitude é um discurso ambientalista hipócrita por parte da França, tendo em vista que Mato Grosso é o maior produtor mundial de carne bovina e, mesmo assim, faz isso de forma legal, sustentável e rastreável, preservando mais de 60% do seu território.
Fonte: leiagora