O norte-americano Michael Benz, que foi chefe da divisão de informática do Departamento de Estado durante o primeiro governo Trump, denunciou como a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) prejudicou a campanha de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.
As declarações foram feitas ao The War Room, programa de entrevistas apresentado pelo ex-estrategista-chefe da Casa Branca e conselheiro de Trump, Steve Bannon, na tarde desta segunda-feira, 3.
Segundo Benz, a Usaid financiou e coordenou uma ampla operação de censura e controle de informações no Brasil, com o objetivo explícito de minar o apoio ao ex-presidente brasileiro, descrito por ele como o “Trump tropical”.
Benz descreve a Usaid como “um agente flexível” que atua como um braço de influência política global entre o Departamento de Estado, o Pentágono e a CIA.
🚨“Se a USAID não existisse, @jairbolsonaro ainda seria o presidente do Brasil e o Brasil ainda teria uma internet livre e aberta.”
Foi que afirmou o norte-americano @MikeBenzCyber , que foi chefe da divisão de informática do Departamento de Estado durante o primeiro governo… pic.twitter.com/0TZGgEbfFy— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) February 4, 2025
Benz destacou que a Usaid declarou publicamente o populismo como uma ameaça à democracia. Essa postura, segundo ele, justificou uma “cruzada de censura” contra movimentos populistas em todo o mundo, como Donald Trump nos EUA, Marine Le Pen na França, Matteo Salvini na Itália, Nigel Farage no Reino Unido e Jair Bolsonaro no Brasil.
“Quando ondas populistas varreram o mundo — nos EUA em 2016 com Trump, e com o que aconteceu em toda a Europa com Marine Le Pen, Matteo Salvini e Nigel Farage — a Usaid declarou uma guerra santa de censura contra cada um desses grupos populistas, incluindo Bolsonaro”, afirmou Benz.
Benz foi enfático ao afirmar que a Usaid desempenhou um papel decisivo na derrota de Bolsonaro. “Se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria o presidente do Brasil, e o Brasil ainda teria uma internet livre e aberta”, declarou.
Segundo ele, a agência teria investido dezenas de milhões de dólares em operações de influência no Brasil, como o financiamento de leis contra desinformação e a pressão sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para censurar mensagens de Bolsonaro em redes sociais.
“Foi a Usaid que gastou dezenas de milhões de dólares do dinheiro dos contribuintes norte-americanos para financiar a pressão para aprovar leis contra desinformação no Congresso brasileiro, financiando os advogados que pressionaram o TSE a reprimir os tuítes, mensagens no WhatsApp e no Telegram de Bolsonaro”, disse Benz.
Ele ainda citou um dos beneficiários da Usaid, que teria declarado publicamente que o objetivo era “eliminar o intercâmbio internacional de ideias entre o movimento Trump e o movimento Bolsonaro”. Para Benz, isso ilustra a estratégia da agência de combater o populismo como um obstáculo aos seus objetivos de política externa.
Benz ainda comparou a atuação da Usaid no Brasil a um “polvo de censura”, cujos tentáculos se estenderam por todo o ecossistema de informação do país e que “foi inteiramente baseado na Usaid”.
Segundo ele, a agência teria financiado veículos de comunicação, organizações não governamentais (ONGs) e grupos de advocacia para controlar o fluxo de informações e reprimir vozes dissidentes.
“A Usaid gasta bilhões de dólares todos os anos para controlar a mídia”, disse Benz. “Todos os principais veículos de comunicação na Ucrânia são financiados pela Usaid. Todos os principais veículos de comunicação no Ocidente e em muitas partes da África e da Ásia Central, fazem hoje o que a CIA costumava fazer.”
Ele ainda fez uma comparação histórica ao citar a , um programa da CIA nos anos 1950 e 1960 para influenciar a mídia internacional. “Todo mundo se lembra da Operação Mockingbird, certo?”, perguntou. “Pois bem, isso agora se chama Usaid Media Sustainability and Media Assistance.”
Benz detalhou como a Usaid canaliza recursos para organizações que atuam em prol de seus objetivos. Ele citou o exemplo da Fair and Just Prosecution, uma ONG que orienta promotores financiados pelo bilionário George Soros.
“A Usaid deu US$ 27 milhões ao patrocinador fiscal do grupo de controle de promotores de Soros”, disse Benz. “Esse grupo recebeu mais dinheiro da Usaid do que do próprio George Soros.”
Ele também mencionou o Tide Center, um patrocinador fiscal que recebeu recursos da Usaid e é um dos principais grupos responsáveis pelo movimento Black Lives Matter.
Para Benz, a Usaid usou recursos públicos norte-americanos para interferir diretamente na política interna de outros países, incluindo o Brasil, com o objetivo de suprimir movimentos populistas e controlar o fluxo de informações. “Eles eliminam o populismo doméstico porque ele atrapalha seus objetivos de política externa”, concluiu Benz.
Fonte: revistaoeste