Igor Sabino, doutor em ciência política e gerente de conteúdo da instituição StandWithUs Brasil, comentou a investigação sofrida pelo militar Yuval Vagdani pela Polícia Federal. O soldado de Israel passava férias no Brasil quando foi denunciado pela Fundação Hind Rajab (HRF), organização pró-Palestina, por supostos “crimes de guerra”.
Em entrevista à edição do desta segunda-feira, 6, Sabino ressalta que houve um aumento do antissemitismo ao redor do mundo depois dos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 e que a investigação representa o seu mais recente episódio.
“Trata-se de uma nova estratégia de grupos simpatizantes do Hamas e do Hezbollah nessa tentativa de desmoralizar Israel e deslegitimar o direito do país em se autodefender”, explica o cientista político.
A HRF, entidade que apresenta a denúncia, tem forte ligação com grupos terroristas organizados, segundo Sabino. “Ela tem atuado em outros países e foi fundada por um ex-terrorista do Hezbollah, Dyab Abou Jahjah”, denuncia.
O cientista político ainda recorda que, em entrevista ao jornal norte-americano The New York Times, Jahjah se manifestou a favor da destruição do Estado judeu, além de ter um histórico de declarações antissemitas e negacionistas do Holocausto. “É um movimento bem-orquestrado de tentar prender soldados e autoridades israelenses ao redor do mundo.”
O Brasil se insere neste movimento quando começa a investigar Vagdani, de acordo com Sabino. “A gente observa uma questão ideológica, que tem como alvo esse israelense apenas por ser israelense”, considera.
Ele ainda recorda que não há nenhum caso anterior na jurisprudência brasileira em que um cidadão estrangeiro tenha sido investigado com base em tratados internacionais. “Quando saiu o , Lula gerou alguns questionamentos se o Brasil iria ou não seguir essa ordem internacional”, exemplifica.
As relações entre Brasil e Israel estão estremecidas desde o começo da guerra contra o Hamas. Em fevereiro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a igualar o contra-ataque de Israel com o Holocausto. “Temos visto, nos últimos meses, uma tentativa dos dois países em manter relações, mas esse fato dificulta ainda mais”, avalia Sabino.
O reservista israelense Yuval Vagdani, que passava férias no Brasil e é investigado por suspeita de envolvimento em crimes de guerra na Faixa de Gaza, . Ele foi acompanhado pela Embaixada de Israel em Brasília.
O militar passou a ser alvo de uma investigação pela Justiça Federal do Distrito Federal, a qual teve origem em um pedido feito pela organização internacional pró-palestina Fundação Hind Rajab (HRF).
A HRF acompanha as atividades de soldados israelenses na região e apresentou documentos, como vídeos e imagens, que sugerem que o soldado participou de ações criminosas em Gaza, onde o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas já dura mais de 15 meses.
O pai de Vagdani relatou ao jornal israelita Haaretz que soube da investigação quando um amigo do filho recebeu uma mensagem da representação diplomática israelense no Brasil. Ele instruiu o filho a deixar o país imediatamente.
“Eu disse a eles para escaparem imediatamente e não ficarem lá nem por mais um minuto”, declarou ao jornal. “Eles rapidamente fizeram as malas e cruzaram a fronteira em poucas horas. Num piscar de olhos, eles passaram de turistas a fugitivos.”
A Embaixada de Israel em Brasília acompanhou o soldado até o aeroporto. O embaixador Daniel Zonshine declarou que a saída foi acompanhada, mas que a decisão de deixar o país foi tomada pelo próprio militar. O Itamaraty não se manifestou sobre o caso.
Fonte: revistaoeste