Entidades do agronegócio subiram o tom e criticaram as recentes invasões de fazendas produtivas pelo movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em nota, lideranças do setor pediram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contenha o ímpeto dos invasores.
Na segunda-feira 27, . Os terrenos ficam nos municípios de Mucuri, teixeira de Freitas e Caravelas, no extremo sul da Bahia. Conforme o MST, o objetivo das invasões é protestar contra o crescimento da monocultura de eucalipto na região. Ainda de acordo com o movimento, empresários estão utilizando defensivos agrícolas em áreas cultivadas — o que prejudicaria os camponeses e provocaria um êxodo rural.
Leia mais: , reportagem publicada na Edição 115 da Revista Oeste
A reação do setor
A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), por exemplo, afirmou que as invasões na Bahia desrespeitam a legislação brasileira. Considera, além disso, que provocam prejuízos econômicos e sociais.
“A Ibá e suas associadas têm plena confiança no sistema judicial brasileiro”, diz o texto assinado pelo ex-governador do Espírito santo Paulo Hartung. “Nesse sentido, espera-se a pronta reversão dessa situação criada. Ademais, o governo baiano também tem tradição de saber promover a pacífica restauração da indispensável harmonia social que serve de base, por meio do diálogo construtivo, para o verdadeiro desenvolvimento social e econômico.”
A Sociedade Rural Brasileira (SRB) também se pronunciou. “O setor florestal tem grande importância social e econômica para o país, preservando mais de 6 milhões de hectares em vegetação nativa, cultivando quase 10 milhões de hectares com finalidade econômica e gerando receita de mais de US$ 12 bilhões em exportações”, disse o presidente da instituição, Sérgio Bortolozzo.
“A quem interessa?”
Mas não para aí. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, criada em 2015 e que abriga mais de 340 empresas e organizações da sociedade civil, repudiou a invasão das três fazendas na Bahia. “Os enormes desafios fundiários existentes no Brasil não devem ser enfrentados a partir de ações ilegais, que impactam propriedades produtivas ou comprometam empreendimentos econômicos que geram empregos e mobilizam a economia local e nacional”, afirmou. “A ocupação de imóveis que cumprem esta função social não pode ser aceita em hipótese alguma.”
O presidente da frente Parlamentar de Agricultura, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), qualificou a invasão dos sem-terra como “crime”. Ele disse que há conivência do Poder Público com os invasores. “A quem interessa essa perda de oportunidade, renda e empregos rurais?”, perguntou. “A quem interessa a volta dos conflitos de terra, uma nova guerra no campo?”
Reação da justiça
Depois da repercussão do caso, . A área é uma das três unidades agrícolas da empresa invadidas pelo grupo.
Caso o MST não desocupe a área da Suzano em Mucuri, o juiz Renan Souza Moreira fixou multa de R$ 5 mil por dia. Na decisão, o magistrado autorizou o uso da força para retirar os invasores.
As terras da Suzano são produtivas. Além disso, a empresa conta com reconhecimento internacional por seguir critérios rígidos para reduzir o impacto ambiental e preservar o meio ambiente. No ano passado, por exemplo, a Suzano foi premiada em Pequim, na China, por ser empresa modelo ESG — sigla de Environmental, social and Governance.
Fonte: revistaoeste