Em carta aberta divulgada nesta quarta-feira (03), a amigos e eleitores, o ex-deputado federal Nilson Leitão, um dos líderes do PSDB, informou que não será candidato nas eleições de outubro.
“Estarei, na condição de cidadão e de eleitor, cumprindo meu papel, votando e apoiando, exercendo a cidadania e a democracia que tanto acredito”, diz em um trecho da carta.
Nilson Leitão chegou a ser cogitado dentro de seu partido para disputar o Governo do Estado e também foi apontado pelo prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), como um bom nome para disputar o governo e fazer oposição a Mauro Mendes (União).
No documento, Leitão faz todo um histórico da sua trajetória na política e também de sua atividade acadêmica e profissional. Ele lembra que entrou na política em 1994 se filiando ao PSDB e disputou oito eleições, a primeira em 1996, se elegendo vereador por Sinop. Depois foi eleito para deputado estadual, foi prefeito de Sinop por dois mandatos (entre 2001 e 2008) e em 2010 foi eleito para a Câmara Federal, onde exerceu dois mandatos, tendo ocupado cargos importantes como vice-presidente da Comissão de Agricultura e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária.
Nas duas últimas eleições das quais participou, em 2018 para o Senado e em 2020 para a eleição suplementar ao Senado (na vaga de Selma Arruda, que foi cassada), Nilson Leitão não obteve sucesso, apesar da boa votação.
Na carta, Nilson Leitão afirma que não deixará a política, apenas fará uma pausa.
“Obviamente, acredito que política é cuidar de gente, principalmente dos que mais precisam. Por isso, não deixarei a política, apenas não serei candidato nestas eleições. Será apenas uma pequena pausa, pois durante esses anos sem mandato, busquei evoluir. Estudei, concluí uma graduação em Relações Internacionais, que trouxe mais clareza sobre nossa história econômica e política, nossas raízes e nossa relação com o mundo, debati em nível nacional e internacional nossa agropecuária e nosso Brasil”.
Veja, na íntegra, a carta divulgada por Nilson Leitão:
CARTA AOS MEUS AMIGOS E ELEITORES
Disputei diversas eleições, desde 1996, a partir da ligação com os movimentos voluntários e clubes de serviços. Participei de oito disputas no total. Entre 1996 e 2000, foram três eleições em quatro anos, e depois mais cinco.
A primeira e única filiação foi em 1994 no PSDB, partido que presidi em Mato Grosso por seis anos.
Apto para ser candidato, um grupo de amigos me incentivou a disputar o cargo de vereador em Sinop. Não imaginava e nem planejava tal desafio, mas disputei e fui eleito com uma votação expressiva, tomando posse em 1997.
Em 1998, fui convidado a me candidatar a deputado estadual por um grupo de prefeitos da região, formado por: Debastiani, de Feliz Natal, Altamir Kurten, de Claudia, Calanguinho, de Marcelândia e Paulo Vieceli, de União do Sul. Na época, quatro pequenos municípios pertencentes a comarca de Sinop.
O argumento era que precisávamos de um representante regional para fortalecer a reeleição do governador Dante de Oliveira. Disputei com mais seis candidatos locais, e consegui ter o melhor resultado, assumindo a Assembleia Legislativa em maio de 1999. Em pouco tempo tornei-me vice-líder do governo na AL, e ajudei a aprovar um pacote de incentivos econômicos promovido pelo governo Dante de Oliveira, para diversos setores produtivos: algodão, Pró-madeira, Pró-leite e pró-couro, além da criação do FETHAB, que gerou desenvolvimento e obras para Mato Grosso. No mesmo período recebemos a Ferronorte em solos mato-grossenses e passamos de importadores para exportadores de energia elétrica.
Em 2000, disputei e venci uma eleição duríssima para prefeito de Sinop. Dr. Adenir, meu opositor, sempre foi considerado um bom gestor, muito respeitado pela população e lideranças.
Fui reeleito em 2004 e governei durante oito anos em um período de transição econômica do município. Fizemos obras e ações importantes que resultaram em uma nova Sinop, como a estruturação e homologação do Aeroporto para voos noturnos; construção do Hospital Municipal; implantação dos primeiros 16 PSFs (Programa de Saúde da Família); o primeiro banco de sangue; Hemodiálise; Oncologia; Centro de Eventos Dante de Oliveira; o novo plano diretor urbano, proibição de loteamentos sem infraestrutura, entre outras tantas obras.
Criamos a lei de condomínios habitacionais, e lá nasceu o primeiro Residencial Mondrian, além de destravarmos a política habitacional, construindo milhares de casas populares e deixamos estruturado para novos parques habitacionais. Projetamos e buscamos recursos para a duplicação e iluminação da travessia urbana da BR-163, e, através de parcerias, incentivamos a implantação de faculdades privadas, articulamos a construção da UFMT, a Unidade da EMBRAPA e órgãos do Judiciário Federal (Polícia Federal, Justiça Federal e Ministério Público Federal), conveniamos para financiar a ampliação do Fórum para elevação de varas, tornando um polo do judiciário regional.
Levamos água tratada para 93% da população e deixamos recursos financiados liberados para construção de tratamento de esgoto (infelizmente esses recursos foram perdidos), além de praças, escolas, e mais de 3 milhões de M² de asfalto. Recebemos diversos prêmios, dentre eles, o Prêmio da Lei de responsabilidade Fiscal pelo Conselho Federal de Contabilidade; Prêmio na Educação pelo Instituto Airton Senna; o nosso programa Barriga Cheia da Assistência Social, também foi premiado pela FGV; e também fomos premiados pela Gazeta Mercantil, Municípios mais Dinâmicos do Brasil em 2005 e 2008.
Criamos e realizamos seis edições do Festival de Praia de Sinop e os primeiros festivais de pesca no rio Teles Pires, praia do cortado. Criamos o museu histórico e a casa da cultura. Criamos a Guarda Municipal, a Secretaria de Trânsito, a Secretaria de Indústria e Comércio e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Realizamos sete concursos públicos, e entregamos o mandato com superávit financeiro, orçamentário e patrimonial.
Em 2010, fui eleito deputado federal, assumindo em agosto de 2011. No mesmo ano, me tornei presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Em 2012, fui vice-presidente da Comissão de Agricultura, entre outras missões, instalei e presidi a Comissão Especial para discutir o modelo de demarcações de áreas indígenas e a Comissão Especial para discutir produção e industrialização da cana-de-açúcar nos estados do norte do Brasil.
Em 2013, conquistei a Liderança da oposição ao governo Dilma, a liderança da minoria. Éramos 86 deputados da oposição, contra 427 da base do governo. Concluí meu mandato em 2014, entre os 30 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. Fui reeleito com quase 130 mil votos, que correspondiam a 10% dos votos naquela eleição em Mato Grosso.
No novo mandato, o tema já era impeachment. Ainda assim algumas conquistas importantes ocorreram, originadas do trabalho do nosso gabinete, como os cursos de medicina da UFMT para Sinop e Rondonópolis, a construção e implantação do atendimento de radioterapia na Santa Casa de Rondonópolis e de combate ao câncer, no Hospital Santo Antônio, em Sinop.
Aplicamos recursos nos 141 municípios de Mato Grosso, apresentamos inúmeros projetos, desses, cinco se tornaram leis. Ocupei diversas vezes a tribuna da Câmara para defender nosso Estado e nosso País. Além de presidir e relatar PECs, fui relator da CPI do INCRA e da FUNAI, na qual denunciei em relatório mais de 100 pessoas e entidades.
Em 2017, assumi a presidência da Frente Parlamentar da Agropecuária, a maior frente do Congresso Nacional. Sucedi o atual ministro da Agricultura Marcos Montes, e tive como minha vice-presidente a ex-ministra Tereza Cristina. Em 2018, aceitei a liderança do PSDB, sigla que era composta por 54 deputados. Em 2018 disputei eleição para senador, pois acreditava estar pronto para representar nosso Mato Grosso, e ser o primeiro senador eleito do nortão. Lutei com todas minhas forças, mas fomos derrotados.
Em 2020, tivemos uma nova oportunidade. Numa eleição atípica, que ocorreu junto com as eleições municipais, ideias e propostas pouco valeram, o poder econômico foi determinante no cooptação de candidatos a vereadores e a prefeitos. Mais uma vez, não obtivemos êxito, apesar de, recebermos uma votação expressiva e apoios importantes como dos senadores Jayme Campos e Wellington Fagundes. Combati o bom combate.
Caros amigos, a política faz parte da minha história. É uma paixão natural que corre em minhas veias. Faço política por acreditar que é possível realizar mudanças para melhorar a vida em sociedade, pois a política é o único instrumento de transformação real, se usada para o bem.
Obviamente, acredito que política é cuidar de gente, principalmente dos que mais precisam. Por isso, não deixarei a política, apenas não serei candidato nestas eleições. Será apenas uma pequena pausa, pois durante esses anos sem mandato, busquei evoluir. Estudei, concluí uma graduação em Relações Internacionais, que trouxe mais clareza sobre nossa história econômica e política, nossas raízes e nossa relação com o mundo, debati em nível nacional e internacional nossa agropecuária e nosso Brasil.
Venho por meio desta carta dar satisfação a todos os eleitores que me trouxeram até aqui, com votos, amizade e confiança. Sem a carreira política, não estaria ocupando essas novas funções, e podendo, sem mandato eletivo, ajudar nosso Brasil. Assim o farei, me dedicando para termos um Mato Grosso e um país cada vez melhores.
Estarei, na condição de cidadão e de eleitor, cumprindo meu papel, votando e apoiando, exercendo a cidadania e a democracia que tanto acredito.
Por fim, agradeço do fundo do coração a todos que caminharam comigo até a última disputa, agradeço a cada um que votou e somou votações expressivas na minha história. O que permanece são grandes amizades, emoções e lembranças eternas. Obras, ações, discursos, projetos. As coisas boas dessa primeira etapa de uma vida pública superam infinitamente qualquer percalço ocorrido.
Despeço-me momentaneamente dessa jornada de minha vida, mas estarei sempre aqui, para os amigos e para aqueles que acreditaram e ainda acreditam no meu trabalho e na minha capacidade.
Abraços fraternos e até logo!
Nilson Leitão