A discussão iniciou após o social-democrata mobilizar os parlamentares para aprovar um projeto de lei que trata sobre a denominação de escolas, que têm tido nomes trocados para homenagear militares. É o caso da Escola Estadual Licínio Monteiro e também da Nadir de Oliveira, ambas em Várzea Grande.
Wilson, que também é historiador, fez questão de falar da importância histórica dos dois personagens para Mato Grosso. O primeiro foi ex-deputado e ex-conselheiro do TCE, falecido em 1983, enquanto Nadir foi uma referência no magistério e a escola agora se chama Tenente-coronel Louirson Rodrigues Benevides. Para Wilson, as mudanças nos nomes representam um total “desrespeito e ignorância”.
“É preciso juízo e responsabilidade com a história de Mato Grosso. O projeto prevê que só vai colocar nome de militar em escola nova, onde não tiver nome, não vai mais passar projeto aqui para substituir nomes de gigantes da nossa história, de quando Mato Grosso não era essa menina dos olhos, não era o cisne da economia, mas era o patinho feio. Eles aqui nasceram, deram a vida para fazer desse estado o que é hoje e aí vai tirar o nome de quem deu a vida por causa de um recruta zero, de um cabo, de um sargento. Que coloque o nome desses aí em escolas novas, não onde já tem nome”, bravejou Wilson na tribuna.
No entanto, quem não gostou nada do que ouviu foi Elizeu, que já vinha travando embate com o parlamentar. “Muito me envergonha essas palavras de vossa excelência, um grande historiador, grande professor, grande político, que a cada dia atrai uma revolta, uma ira da polícia, militar, em especial. Ainda não entendemos qual a sua revolta com a polícia. Fala em pendurar câmera, acabar com a PM da Assembleia e manifesta agora botar fim à colocação de nome de militares em escolas militares, inclusive, inferiorizando as patentes militar, denominando recruta zero, sargento, cabo. O senhor tem algo contra o cabo? Soldado? Algo contra a PM? Seja mais aberto à sua fala, esclareça o que realmente toca neste coração”, declarou o parlamentar que faz parte das fileiras da PM.
O clima esquentou e Elizeu chegou a insinuar que o deputado estaria a serviço do crime organizado. O deputado liberal chegou a falar que o colega teria sugerido que não precisaria de mais efetivo, porque as câmeras resolveriam o problema da criminalidade no Estado e fez diversos questionamentos.
“Vi um vídeo que os grupos militares estão sem entender se o senhor está a serviço da sociedade ou do crime organizado. O deputado com a bagagem que o senhor tem, sabendo que uma cidade, neste fim de semana, como Confresa, em Mato Grosso, viveu momento de terrorismo, tiros de fuzis, mais de 10 carros do crime organizado, totalmente blindados, nem as viaturas da PM têm esse tipo de blindagem, causando terrorismo até na base da PM, e o senhor falando que as câmeras já serão a resposta. Essas câmeras já serão suficientes para resolver o problema do crime, que não precisa de efetivo, não precisa de mais policiais? A câmera vai trocar tiro com bandido? O senhor me envergonha, nem os deputados do PT têm se rebelado contra a PM, o que prova, claramente, que o senhor não está do lado da polícia, e quem não está do lado da polícia fica a interrogação de que lado está”, disparou.
Wilson alegou que o Elizeu não entendeu o projeto e defendeu a proposta pedindo apoio dos demais parlamentares. “Em que mundo o senhor vive? O senhor ouve pela metade e interpreta como quer. O projeto aqui é para proibir mudança de nome onde já existe. Onde já existe um Licinio Monteiro, um Dona Nadir, que deu a vida ao magistério. E não proíbe o nome de militar nas novas escolas. Não vamos aceitar que jogue na lata de lixo personalidades que ajudaram a construir Mato Grosso”, declarou o social-democrata.
Porém a discussão caminhou à questão das câmeras nas fardas novamente e Wilson alegou que o colega está nervoso devido uma pesquisa encomendada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho, que apontou que 82% da população de Cuiabá quer a câmera na farda. “Quer o senhor queira ou não, a roda da história só roda para frente, mais dias, menos dias, vai acontecer. Seja por aprovação desta Casa, derrubada de veto, seja por uma decisão do Ministério da Justiça. Ontem, provoquei o senhor no grupo dos deputados que o ministro Flávio Dino disse que terá mais dinheiro as unidades da federação que instalarem as câmeras”, afirmou.
Wilson aproveitou para provocar Elizeu alegando que ele teria ido para São Paulo fazer política, mesmo sem saber tecnicamente sobre o funcionamento das câmeras. “Foi bater perna em São Paulo”. Já o liberal disse que o colega insiste em um projeto inconstitucional e envergonha o Parlamento. “O senhor está tentando fazer pirotecnia em cima da PM, fazer politicagem em cima da PM. O senhor envergonha esta Casa”.
“Eu espero que ele não baixe o nível. Eu quero discutir tecnicamente”, argumentou Wilson, que trouxe números sobre a questão da segurança no estado de São Paulo, enquanto Elizeu alega que aumentou a criminalidade com dados de assaltos e furtos. Ele disse ainda que está com o relatório da Comissão de Segurança Pública da AL para apresentar.
Fonte: leiagora