As deportações de imigrantes durante a gestão de Donald Trump, de 2017 a 2021, foram um dos temas mais controversos e amplamente cobertos pela mídia dos Estados Unidos e do mundo.
A política de deportações, parte das várias medidas adotadas pelo então presidente para controlar as fronteiras, foi frequentemente criticada e retratada como “cruel” e “desumana” pelos grandes veículos de comunicação. No entanto, a continuidade e intensificação das deportações no governo de Joe Biden têm sido menos destacadas.
De acordo com dados recentes do governo democrata, Biden, que assumiu a Presidência como crítico das políticas de imigração de Trump, deportou mais de 700 mil pessoas em apenas 12 meses, superando qualquer ano desde 2011. As informações são do jornal Gazeta do Povo.
Segundo a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP), entre o fim do Título 42, em maio de 2023, e maio deste ano, o Departamento de Segurança Interna (DHS) deportou 720 mil indivíduos, incluindo 109 mil famílias, a maioria deles imigrantes que cruzaram a fronteira ilegalmente.
Além dos números oficiais, a emissora WUSA, afiliada da CBS, revelou que, em 2018 e 2020, Trump deportou 47,4% dos imigrantes ilegais encontrados. Já sob o governo Biden, entre janeiro de 2021 e março de 2023, a porcentagem foi de 50,9%.
Esse alto número de deportações contrasta com a postura defendida por Joe Biden e pela mídia durante a campanha presidencial de 2020, quando ele condenava as ações de Donald Trump e prometia uma abordagem mais compassiva e aberta.
Embora a política migratória de Biden seja mais aberta em alguns aspectos, a crise na fronteira sul se intensificou, contribuindo para o aumento das deportações. A gravidade da situação na fronteira pode até ameaçar a reeleição do democrata.
Apesar das estatísticas, a mídia não tem dado a mesma ênfase às deportações no governo Biden como fazia no governo Trump. As políticas do republicano, que restringiam a entrada de solicitantes de asilo e deportavam imigrantes ilegais, recebiam críticas contundentes e ampla cobertura.
Durante o governo Trump, imagens de crianças imigrantes separadas de suas famílias e as condições precárias dos abrigos dominaram as manchetes, criando uma percepção de crueldade. Por exemplo, o The Washington Post, em um artigo de opinião de 2019, criticava as políticas de imigração de Trump, enquanto o The New York Times, em 2018, condenava a separação de famílias.
Em contraste, as deportações recordes do governo Biden não têm recebido o mesmo destaque negativo, mesmo com relatos de separação de famílias. A promessa de Biden de um tratamento mais humano aos imigrantes ainda não se concretizou, mas a cobertura da mídia sobre suas ações tem sido menos crítica.
Em ano eleitoral, Biden tem tentado adotar uma postura mais rígida em relação aos imigrantes que cruzam a fronteira ilegalmente, incluindo uma nova ordem executiva que restringe a entrada de ilegais. No entanto, suas ações não são questionadas com a mesma intensidade que as de Trump.
Fonte: revistaoeste