O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Milton Leite (União Brasil), afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que as denúncias contra o padre Júlio Lancellotti serão levadas ao Vaticano. Ele diz ter recebido acusações “de extrema gravidade”.
Lancellotti é alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das ONGs proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil).
A comissão pode ser instalada a partir de fevereiro, segundo o jornal. Leite afirmou que irá aguardar o esclarecimento dos fatos para comentar a iniciativa.
“Peço um pouco de paciência”, afirmou o vereador à Folha. “Vou aguardar que a primeira denúncia contra o padre chegue ao Vaticano, que está sendo providenciada. Tanto lá quanto no Ministério Público de São Paulo e na Confederação Nacional dos Bispos do Brasil [CNBB].”
Na entrevista, Leite se mostrou impactado com as denúncias.”Quando as denúncias contra ele, que são de extrema gravidade, forem protocoladas, vou me manifestar”, observou o parlamentar. “Até lá, eu vou aguardar a reunião do colégio de líderes [que será realizada no retorno do recesso do Legislativo paulistano].”
Contatado pelo jornal, o padre Júlio enviou reportagem da revista Piauí, publicada em 2022. A matéria lembrada por ele, segundo a Folha, revelou que integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) usaram um perfil falso para forjar uma acusação de pedofilia contra o padre.
De acordo com a Folha, o objetivo era impulsionar a candidatura de Arthur Do Val, o Mamãe Falei, a prefeito, segundo relatos dados à Piauí. Do Val renunciou ao cargo de deputado estadual em 2022. O vereador Rubinho Nunes já foi integrante do MBL, do qual se desfiliou em outubro de 2022.
O vereador Nunes disse que recebeu novas acusações depois da repercussão do caso. “Recebi denúncias graves e solicitei a peritagem do material”, afirmou ao jornal. “Depois que eu tiver laudo de especialistas atestando a veracidade [do conteúdo] é que eu vou levar o caso às competências superiores.”
O autor da CPI não revelou o teor das acusações. “Do contrário, todo o material será destruído, para que ninguém tenha acesso”, ressaltou o parlamentar. “Não tenho interesse em prejudicar a imagem de ninguém, muito menos da Igreja Católica, pela qual tenho profundo respeito.”
Júlio Lancellotti, um dos alvos da CPI
O pedido de Nunes, pela abertura da CPI, foi protocolado em dezembro. Assinaram 24 vereadores.
Com a forte repercussão contra a comissão, a partir da última semana, pelo menos sete parlamentares retiraram o apoio. Eles se mostraram desconfortáveis com a inclusão do padre Júlio nas investigações. Para que seja instalada, a comissão ainda necessita que a proposta passes pela apreciação do colégio de líderes e pelo plenário.
. O petista defendeu o pároco ao afirmar que, “graças a Deus, o país tem pessoas como o religioso.” Lula disse que o trabalho do padre e o da Diocese de São Paulo são “essenciais” para atender a população em situação de vulnerabilidade social.
A Arquidiocese de São Paulo, conforme adiantou a Folha, disse na noite de quarta-feira 3 que essa iniciativa de implantar uma CPI está sendo observada “com perplexidade”.
O alvo de Rubinho Nunes na CPI é o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, e o coletivo Craco Resiste.
As instituições, assim como o padre Júlio, realizam trabalho junto à população em situação de rua e a dependentes químicos da área central da cidade, informou o jornal.
O padre Júlio, segundo a Folha, já foi conselheiro da Bompar, entidade filantrópica ligada à Igreja Católica. A atuação da Craco Resiste é voltada ao combate à violência policial na região da cracolândia.
O religioso havia dito à Folha, em dezembro, que não tem influência nas entidades, tampouco trabalha em projetos com elas. Em relação à Bombar, especificamente, ele afirma que ocupa uma posição sem remuneração no conselho deliberativo da instituição, da qual disse que se desligou do conselho há 17 anos.
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Fonte: revistaoeste