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Política

‘Deltan Dallagnol: Políticos corruptos não temem a prisão’

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Deltan Dallagnol, ex-procurador da República e coordenador da Lava Jato, afirmou que, depois de uma década de operação, nenhum político corrupto tem medo de ir para a cadeia no Brasil. A declaração foi dada nesta quarta-feira, 13, no programa .

“Eles sabem que o Supremo Tribunal Federal [STF] vai garantir sua impunidade”, disse Deltan Dallagnol. “Temos visto isso até mesmo no caso de empresas que nos roubaram por décadas.”

O ex-procurador refere-se à mais recente decisão do ministro Dias Toffoli, que suspendeu o pagamento das multas do acordo de leniência fechado pela  na Operação Lava Jato. O valor é de aproximadamente R$ 8,5 bilhões.

O ministro do STF também autorizou a construtora, que agora se chama Novonor, a pedir renegociação do acordo de leniência. Trata-se de uma espécie de delação premiada das empresas. 

A decisão ocorreu cinco meses depois de o próprio ministro anular todas as provas colhidas depois do acordo. Na decisão, Toffoli afirma que as informações obtidas até o momento pela Operação Spoofing mostram que havia um “conluio entre o juízo processante e o órgão de acusação”.

Em setembro de 2023, . O ministro tem uma ligação histórica com o PT e com o sindicalismo brasileiro. Ele foi consultor jurídico da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em 1993 e atuou como advogado de Lula nas campanhas presidenciais de 1998, 2002 e 2006.

Em 19 setembro de 2023, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli anulou a suspeição de Appio nos casos da Lava Jato e suspendeu a tramitação do processo disciplinar contra o juiz federal | Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
Na Decisão, Toffoli Afirma Que As Informações Obtidas Até O Momento Pela Operação Spoofing Mostram Que Havia Um ‘Conluio Entre O Juízo Processante E O Órgão De Acusação’ | Foto: Rosinei Coutinho/Sco/Stf

Para Deltan Dallagnol, a Operação Lava Jato vem sofrendo um “desmonte” com decisões jurídicas do Supremo Tribunal Federal, como o fim da prisão em segunda instância, decidido em 2019.

“Por causa dessa decisão, agora nenhum político vai para a cadeia”, afirmou o ex-procurador. “Basta ver que os processos de Sergio Cabral e de Eduardo Cunha que foram para a Justiça Eleitoral estão em vias de prescrever. Em seguida, tivemos a decisão que determinou que a Justiça Eleitoral é quem deve julgar a corrupção política. Foi a partir daí que tivemos anulações de condenações, como as do Lula.”

Deltan Dallagnol acredita que essas decisões fazem parte de uma suposta reação da classe política à Operação Lava Jato.

“No começo, a Lava Jato atingiu três partidos centrais: PT, PP e PMDB”, lembrou o ex-procurador. “Porém, as investigações avançaram e chegaram também a nomes, como José Serra e Geraldo Alckmin. Até que chegou a um ponto que ficou insustentável. O sistema político passou a reagir contra as investigações.”

Mesmo com as críticas ao que chamou de “desmonte da Lava Jato”, Deltan Dallagnol classificou como positivo o legado da operação. “Pela primeira vez, vimos o monstro dos donos do poder e da corrupção no Brasil sangrar”, disse. “Também recuperamos bilhões para os cofres públicos, ainda que algumas multas estejam suspensas.”

Fonte: revistaoeste

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