Foi aberta nesta terça-feira(21), a 12ª edição do Seminário de Energia – Transição Energética, Desafios e Oportunidades – promovido pelo Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás em MT (Sindenergia MT).
O evento está acontecendo na sede da Federação das Indústrias de Mato Grosso[Fiemt] e segue até esta próxima quarta(22). Dentre os nomes confirmados para os debates estão o do secretário-Chefe da Casa Civil, Fábio Garcia(UB) e o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro(PSD) – que ainda será o moderador do painel ‘O papel das energias renováveis na matriz energética de MT/BR’.
De acordo com Garcia, é extremamento importante discutir a matriz energética e sua transição, em especial, diante destas mudanças climáticas. Sobretudo, porque esta tem sido uma agenda global, em discussões cada vez mais amplas na busca de uma matriz cada vez mais limpa, menos poluente e com maior competitividade industrial.
“É muito importante estarmos hoje discutindo isto aqui, quando sabemos que esta tem sido uma discussão feita no Brasil e internacionalmente. Ou seja, a matriz energética renovável é hoje uma pauta mundial. E uma pauta que Mato Grosso tem feito já há algum tempo. Debatendo a transição energética e apostando em uma matriz cada dia mais limpa, de maior competitividade industrial”.
Já pra o presidente do Sindenergia, Tiago Vianna de Arruda faz-se necessário uma discussão ampla sobre a transição energética no país. E que, sobretudo, é necessário debater os seus arcabouços legais e tributários para proporcionar maior segurança jurídica, visando a geração de mais energia limpa, com menor dano ao meio ambiente e menor impacto na sociedade. Lembranddo que Mato Grosso consome anualmente 11 TWh e produz cerca de 20 TWh, sendo a maior parte proveniente de fontes hídricas. Apesar do crescimento do setor de energia solar, esta representa aproximadamente 10% da energia consumida no estado.
“Essa é a maior penetração de geração distribuída no Brasil; por isso, Mato Grosso é líder em tamanho de mercado, embora seja o quinto em potência instalada. Ainda há espaço para expandir esse sistema, pois nossas redes conseguem suportar mais investimentos em geração. A transmissão ainda representa um gargalo, como exemplifica a região de Ribeirãozinho, que conecta com o Sudeste e entrega energia para Araraquara, em São Paulo. São necessários investimentos bilionários, e a iniciativa privada está pronta para realizá-los, mas é imprescindível que o setor público realize as outorgas e os leilões de forma a evitar problemas de fornecimento de energia no futuro.”
Para que o setor industrial de Mato Grosso cresça, de fato, é essencial conforme o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso, Sílvio Rangel, que haja fornecimento de energia elétrica chegando às empresas, indústrias e residências. “O futuro da indústria depende tanto da geração quanto da transmissão de energia. Sem energia, o crescimento industrial de Mato Grosso e o desenvolvimento regional são inviabilizados. Enfrentamos um problema sério na transmissão de energia, que demanda investimentos no setor e aprimoramento do serviço, incluindo manutenções e a renovação das linhas, com a transição de monofásico para trifásico. Mato Grosso é autossuficiente em produção de energia, com uma matriz limpa, mas é crucial discutir como essa energia é distribuída.”
O ex-senador e ex-governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que também moderou o painel, destacou a importância das concessionárias de energia e o avanço da autogeração. Esta foi a segunda vez que ele participou do seminário, ressaltando a importância de reunir diferentes atores, como o setor público e o empresariado.
Maggi comentou ainda sobre a evolução dos investimentos em energia fotovoltaica no país, apontando como grande vantagem o fato de ser um sistema distribuído de energia e de investimento, composto por centenas de pequenos projetos que, juntos, formam um grande projeto.
“Já temos no Brasil um volume de energia solar comparável ao de uma Itaipu. Itaipu custou bilhões de dólares e teve um único financiador, o governo federal. Já a energia solar, que cresceu sem gerar dívidas, permite investimentos compartilhados, oferecendo à sociedade uma forma econômica de produzir energia. Contudo, a transmissão de energia é mais complexa e depende de contribuições coletivas. A distribuição é responsabilidade de uma concessionária. Se todos produzirem sua própria energia e desejarem utilizar as redes da concessionária sem custos, como isso funcionará no futuro?”
O deputado estadual Carlos Avalone e vice-presidente do Sindenergia destacou que o seminário traz debate de alto nível e técnico sobre o futuro da produção de energia elétrica no Estado e no país há mais de 10 anos, se tornando uma referência. “Nós sabemos das transformações que o mundo está vivendo, tentando sair dos combustíveis fósseis para a energia mais limpa. Mato Grosso é um centro futuro e presente dessas energias mais limpas, como biodiesel, como o etanol de milho. Mato Grosso sairá, acho eu, pelo caminho mais rápido na solução pela substituição do combustível de aviação, que é um dos mais poluentes do mundo, com base do etanol de milho. Nós já temos o biometano como uma legislação estadual, já permitindo que isso aconteça, o biogás, somos os maiores produtores de de etanol de milho e um dos maiores produtores de biodiesel”.
Também participaram do painel como moderadores o coordenador-geral de etanol e biometano do Ministério de Minas e Energia, José Nilton de Souza Vieira; a especialista em regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Lívia Raggi; e o gerente de Divisão de Infraestrutura Transição Energética e Clima do BNDES, Renato Santos.
Fonte: obomdanoticia