Sophia @princesinhamt
Política

‘Conheça as Histórias de Moraes: Um mergulho nas narrativas fascinantes’

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Moraes manda prefeito isso; Moraes manda governador aquilo; Moraes prende o governador; Moraes nega viagem a inocente… tem a prerrogativa da presunção de culpa alheia e, ainda, acredita (com a força da “pistis” paulina) nos confessores de culpa alheia; Moraes nega o Direito a quem o tem… nega ao próprio Direito o direito de ser Direito se esse Direito não for tão justo quanto o seu kelseniano juízo fundamental.

Moraes monitora insuspeitos; Moraes manda achar provas; abre processo; julga; nega recurso; aplica multa; executa a pena; Moraes prejulga no jornal; intimida por castigos exemplares.

Vitimado, Moraes prende; Moraes desfila em solenidades nacionais; recebe homenagens de quem precisa dele ou precisará; dá entrevista na TV; Moraes é aquele que sempre discursa mais (mesmo em evento alheio); Moraes tem acessos públicos de ira; Moraes não precisa cumprir a lei; Moraes manda cumprir a lei que não existe; Moraes julga a Constituição e não conforme a Lei Maior.

Moraes desconfia do chefe de Estado e Governo da maior democracia do mundo; Moraes define o que é arte e o que não é arte; o que é mentira e o que é verdade; o que é científico ou não; o que não se pode debater em público.

Moraes apequena seus 10 colegas, interrompe-os, repreende-os em público (“tenha dó!”); usurpa a si o nome “Supremo” e encoleira o CNJ; Moraes não se deixa investigar, porque nunca erra, porque sabe o que é melhor para todos para todo e sempre; ninguém pode duvidar nem reclamar (não pode e não deve sob os rigores do monopólio do uso da força policial).

Você é livre para duvidar que o corpo de Cristo esteja na hóstia consagrada, da virgindade de Maria; você pode não acreditar em um Deus pai, na Santíssima Trindade, no Espírito Santo em qualquer espírito ou nos orixás… Todavia, a ninguém é dado desacreditar de qualquer juízo do Todo-Poderoso Alexandre de Moraes. A Ele, toda honra e toda glória; agora e para o Senado.

A vida de Moraes vale mais que a vida de qualquer outra pessoa e o que seria criminoso para qualquer brasileiro, para Moraes, é o legítimo fardo do líder, aquele fardo do homem branco descrito por Rudyard Kipling ou, até mesmo, do motorista de uma perua Kombi que, num impasse, atropela, sem pestanejar, um casal de idosos a fim de salvar meia dúzia de passageiros amigos… e, se algum jornalista noticia o fato, é certo que o inquérito dessas duas mortes se voltará contra o autor do relato.

Quem poderá dizer que Moraes está errado? Afinal, por qualquer razão que se perceba, confirmará o mais prático dos solipsistas: A melhor democracia que existe é, sem sombra de dúvidas, aquela na qual a minha vontade sempre vence.

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O Ministro Alexandre De Moraes, Do Stf, Durante Um Evento | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

* é doutor, mestre em Direito Civil e graduado pela Faculdade de Direito da USP — Largo São Francisco. Professor doutor de Filosofia do Direito da FAAP. Escritor, advogado, jornalista e apresentador do Faroeste à Brasileira

Fonte: revistaoeste

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