Defensor do armamento, o deputado estadual Gilberto Cattani (PL) disse que o policial que entra na política continua policial e, como tem o porte, pode continuar usando a arma, mesmo dentro do parlamento. A posição dele se contrapõe a opinião do presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (União), que nesta semana, na esteira do caso envolvendo o vereador Marcos Paccola (Republicanos), disse que a arma do policial, que entra na política, deve ser o “diálogo, a palavra”.
“O policial é policial pra vida toda, se ele prendeu um bandido, um traficante, um estuprador, ele vai ficar sem arma, pra que? Pra ser morto na rua por essa pessoa, quando ela sai da cadeia, que é muito fácil sair, é muito mais fácil sair do que entrar”, disse Cattani, em entrevista a jornalistas na manhã desta sexta-feira, durante a convenção estadual do Partido Liberal (PL). Cattani é autor de dois projetos de lei que defendem o uso de armas por mulheres vítimas de violência e também por advogados.
O vereador Paccola, que é tenente-coronel PM da reserva, foi denunciado por homicídio qualificado pelo Ministério Público e virou réu na Justiça por ter matado com três tiros pelas costas na noite de 1º de julho o agente do socioeducativo Alexandre Miygawa, durante uma confusão nas proximidades do Choppão. A Justiça também suspendeu seu porte de arma. Diante da situação, Botelho disse que o policial que entra para a política não pode ficar ostentando armas, num recado, segundo ele, não só a Paccola, mas a todos os militares interessados.
“Estou dizendo para todos os policiais, não só para ele [Paccola] não, para todos os que querem continuar ostentando armas, ele não pode entrar na política, fica lá na guarnição. Ele tem que ficar lá na polícia. Se ele entrou aqui, tem que esquecer a arma dele, porque a arma dele passa a ser o diálogo, a palavra, passa a ser o parlamento, não mais a arma”, disse o presidente da ALMT.
Mas para Cattani, se o policial tem porte de arma, ele pode circular com a arma onde achar conveniente. Ele cita, inclusive, o exemplo do filho do presidente Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que é policial federal e circula armado. Cattani também entende que a presença do policial que virou deputado e que circula armando no parlamento, não inibe os demais colegas
“De maneira nenhuma [não inibe], o parlamento é o lugar de expressão e cada um se expressa livremente. A pessoa sendo um policial, tendo seu porte de arma, que está previsto na Constituição Federal, ele tem todo o direito de estar com ela onde precisar, onde ele quiser e estiver. Esse é o poder do porte de arma que dá pra ele. Inclusive, o Eduardo Bolsonaro também anda armado sempre porque ele é deputado, mas antes de deputado ele é policial federal e pode, sim, estar armado”.