A fala aconteceu no encerramento do 1º Acampamento Terra Livre em Mato Grosso, evento realizado para chamar atenção das autoridades estaduais para luta dos povos originários, realizado esta semana em Cuiabá.
“Nós não vamos concordar com a construção de PCH em terra indígena. Não vamos concordar com o trabalho dos garimpeiros em terra indígena. Não vamos concordar com o trabalho dos madeireiros em terra indígena”, disse Raoni.
“Eu quero dirigir a palavra aos brancos que estão aqui: Nós povos indígenas temos o direito de defender o nosso território. […] Meu pai, meu avô, todos me ensinaram que não tinha nenhum homem branco aqui, só tinha indígenas, sendo xavantes, entre outros. Agora, os portugueses, que vieram, trouxeram muita coisa ruim”, completou.
O pajé da etnia dos caiapós, que mesmo com cerca de 90 anos (não se sabe exatamente a data de nascimento dele), continua como uma das mais ativas lideranças da causa indigena.
E nessa fala resumiu alguns dos principais problemas dos indigenas em Mato Grosso, que sofrem com extração ilegal de minério e madeira em território protegido e a alteração nas águas devido ao avanço das pequenas centrais hidrelétricas em todo estado.
Durante os quatro dias do Acampamento Terra Livre, lideranças indígenas denunciaram conflito com grileiros, indígenas adoecendo por conta de águas envenenadas, epidemias de câncer devido a agrotóxicos, a luta pela demarcação de territórios indigenas, desmatamento ilegal, além da eminencia de fechamento de escolas estaduais que atendem TIs, apoio em saúde, entre outros problemas.
Antes da chegada do cacique Raoni, as lideranças do Terra Livre não foram atendidos pelo governador Mauro Mendes (União). Com a chegada dele, no entanto, ele acabou tendo uma agenda com primeira-dama Virginia Mendes, na tarde desta quinta, e será recebido então pelo chefe do Estado nesta sexta, pela manhã. Sobre essa “invisibilidade” indigena, o cacique também deixou um recado:
“Eu gostaria de dizer que antes dos brancos estarem aqui, só existiam só indígenas. De acordo com o que meu pai conta, é que nesta terra não tinham brancos, não tinham essas construções. Esse lugar era terra indigena”.
Fonte: leiagora