Quem tem uma casa ou um apartamento disponível para alugar em pode estar rindo à toa. O motivo é simples: a realização da gerou uma bolha de consumo que está fazendo ‘explodir’ principalmente o preço das diárias em hotéis, pousadas ou imóveis residenciais na capital do Pará.
Para se ter uma ideia, casas inteiras, em bairros simples, são oferecidas por mais de R$ 250 mil para locação durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025. Quem procura luxo, no entanto, se depara com propostas chocantes, como a de um apartamento em um flat da bandeira Radisson. Valor: quase R$ 2,3 milhões. Quem pensa em algo mais modesto tem como saída um estúdio, com 2 camas, por R$ 128,7 mil.
é consequência sobretudo da lentidão na expansão do número de leitos em contraste com a demanda decorrente do evento internacional. Uma suíte com cama de casal, na região central de Belém, chega a custar R$ 1,3 milhão. Com isso, a Conferência do Clima apresenta primeiramente, como cartão de visita, um misto de oferta escassa e preços abusivos.
Empresas especializadas em turismo de negócios enfrentam dificuldades para encontrar opções para seus clientes corporativos. Em plataformas como Booking e AirBnB, há opções com diárias a R$ 100 mil. Alguns analistas dizem que o preço proibitivo está expresso em uma conta básica: neste momento, é mais barato comprar um imóvel do que alugá-lo.
Mesmo com projetos recentes para a construção de novos hotéis e outros tipos de hospedagens, a expansão tem sido lenta. Vários hotéis da cidade já estão com reservas esgotadas durante o período da Conferência, mesmo faltando dez meses para o evento.
Conforme a associação brasileira que representa o setor hoteleiro, cerca de 40 mil pessoas devem participar da COP30. Hoje, a cidade tem 18 mil leitos de hotel. A expectativa é que chegue até 50 mil em novembro. Em meio à urgência, até navios de cruzeiros estão sendo recrutados para amenizar o déficit. As embarcações seriam um remédio para um projeto que não saiu do papel: a dragagem do porto de Belém que permitiria a ancoragem de barcos.
A falta de lugar para dormir não é o único problema. Junto com o aumento da população flutuante, o município vive estado de alerta em relação ao risco de um colapso na mobilidade urbana, no saneamento básico e no tratamento de resíduos, justamente em um evento que se propõe a discutir a qualidade do meio ambiente.
Além disso, há outros possíveis efeitos colaterais, como o aumento da violência e incertezas sobre o retorno dos investimentos depois que o evento passar. Isso, por ora, não parece ser a preocupação do alto escalão do governo federal, tampouco dos dirigentes políticos dos países e dos organismos internacionais. Seus aposentos já estão garantidos.
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Fonte: revistaoeste