Em entrevista ao desta terça-feira, 28, o ex-secretário nacional do consumidor, do Ministério da Justiça, Arthur Rollo debateu situação da aviação no Brasil. Diante de crise aérea, o especialista afirmou que falta uma ”política governamental sólida”.
“Não temos uma política governamental sólida”, explicou Rollo. “O programa de voo a R$ 200 era uma promessa não factível. Eu lembro de vários anúncios de que a população ia poder voar, mas aí teria o subsídio cruzado: alguém pagando mais para alguém pagar menos.”
Rollo explicou que, por ser caro, o mercado da aviação é sensível em diversos países. Por isso, é comum que governos concedam incentivos as empresas aéreas para tornar o preço das passagens atrativa ao consumidor e o retorno favorável as marcas.
Apesar disso, conforme o especialista, dois fatores no Brasil dificultam a operação: insegurança cambial e jurídica. “Houve, recentemente, o aumento dos combustíveis, e era para o dólar estar até mais alto”, disse. “Esta insegurança acaba sendo muito grave para as empresas aéreas. Não é só um problema da empresa, mas o cenário no Brasil não é favorável.”
Ao , Rollo explicou que os preços das passagens aéreas estão diretamente relacionados ao valor do querosene de aviação, que varia conforme o dólar. A moeda dos Estados Unidos enfrenta uma alta nos últimos anos em relação ao real, o que ajuda a encarecer e aumentar a crise aérea.
“Houve um aumento significativo do dólar, e o maior impacto na aviação é no querosene, um aumento do dólar reflete significativamente”, explicou. “Vai ter cidade do Norte e do Nordeste que não vai mais ter voo direto, em outros casos, nem voo. Já ouvimos falar na fusão da Gol com a Azul, o que vai diminuir concorrência e isso é ruim para o consumidor.”
A atual situação da aviação no país não permite ao especialista acreditar em uma baixa nos preços, como prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, através do .
“Desde a época em que eu era secretário nacional do consumidor, ouço que virão operar no Brasil empresas low cost [baixo custo]”, disse. “Eu ouvi o então ministro Márcio França falar que os idosos e aposentados iam poder viajar barato, com o programa do governo federal. Mas o que acontece é justamente o contrário [encarecimento].”
Fonte: revistaoeste