Sophia @princesinhamt
Política

Apoiador do prefeito de Sorriso, agricultor é investigado pela PF por suspeita de compra de votos e crime eleitoral.

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A juíza eleitoral Emanuelle Chiaradia Navarro Mano autorizou a busca e apreensão nos dados do celular do agricultor Nei Francio, apoiador do prefeito eleito de Sorriso em 2024, Alei Fernandes (União), e principal alvo da Operação Rustius, deflagrada na manhã desta quinta-feira (4) pela Polícia Federal. A ofensiva investiga as informações contidas no Iphone de Francio, na busca de elucidar a arrecadação de verbas irregulares e suposto Caixa 2 durante a campanha de Fernandes.

Operação foi deflagrada após Francio ser preso em flagrante pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia 3 de outubro, três dias antes das eleições municipais, as quais elegeram Fernandes em Sorriso com 25.255 dos votos, ou seja, 51,33% dos votos válidos. Ele teve o apoio do atual prefeito da cidade, Ari Lafin (PSDB), e do governador Mauro Mendes (União).
Na caminhonete Hilux conduzida por Francio, os agentes rodoviários flagraram R$ 300 mil em espécie. Questionado pelos policiais, Francio não soube comprovar a origem do dinheiro, que incluía cédulas de 20, 50, 100 e 200 reais.
Segundo os autos, Francio é pai de Ian Zibetti Francio, um dos maiores doadores da campanha de Fernandes. Durante seu depoimento à PF, Francio inclusive confessou que possui “vínculo de amizade” com Alei, admitindo ter trocado mensagens com o prefeito eleito, bem como que ambos são proprietários de um pesqueiro no Pará.
Em outubro, diante do flagrante de Francio, a juíza da 43ª Zona Eleitoral de Sorriso autorizou a quebra de sigilo de dados do seu celular. Em sua decisão, a magistradas anotou que o acervo de informações anexadas no processo evidenciou a necessidade de elucidar a origem e o destino do dinheiro apreendido com o agricultor, já que ele é apoiador declarado de Fernandes e não soube explicar a origem e destino do montante.
‘Com o flagranteado foi apreendido, também, um aparelho celular, o que, aliado à quantia de dinheiro em espécie e à não comprovação da origem e, ainda, à iminência das eleições municipais, demonstra a pertinência e necessidade de se obter o extrato de dados do referido aparelho, a fim de se ter elementos fundamentais para a conclusão de eventuais crimes eleitorais. Diante das peculiaridades do caso, vez que pode haver no aparelho celular dados/informações que levem a elucidar a origem e a destinação do dinheiro apreendido, autorizo o acesso e posterior realização de Exame Pericial para análise e extração de dados”, decidiu, em outubro.
Na manhã de hoje (4), então, a Polícia Federal bateu na porta de Francio com objetivo de apreender seu Iphone. Na ação, os agentes apreenderam R$ 115 mil em espécie.

Nesta segunda-feira (2), o candidato derrotado à prefeitura de Sorriso, Leandro Damiani (MDB), acionou Fernandes na Justiça Eleitoral, requerendo sua cassação e declaração de inelegibilidade por oito anos. Na peça, os advogados de Damiani apontam três fatos para corroborar o requerimento.
Primeiro deles foi a apreensão dos R$ 300 mil com Frâncio, a configurar possível compra de votos. Segundo fato versa sobre suposto esquema de “caixa 2” junto à empresa contratada pela campanha de Fernandes.
 
Damiani acusa Fernandes de “ocultar” da declaração de campanha os gastos com assessoria de marketing, o que configuraria “caixa 2”. Segundo a denúncia, George Indarsane Lall, consultor de marketing e proprietário da empresa Brâmane Marketing e Comunicação, teria prestado serviços à campanha de Alei Fernandes, mas não há registros desses pagamentos na prestação de contas apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
 
A campanha de Fernandes não declarou despesas com assessoria de marketing, apesar de Lall ter confirmado publicamente, em postagens no Instagram, sua atuação no grupo político do prefeito eleito. A ação levanta a possibilidade de que os serviços tenham sido pagos com recursos de caixa dois, na casa dos R$ 150 mil, valor este registrado como maior gasto da campanha.
 
Terceira acusação diz respeito a participação de Nei Francio em uma reunião do partido União Brasil destinada à arrecadação de recursos para a campanha. A presença de Francio reforçaria, segundo os advogados de Damiani, o vínculo estreito entre ele e o prefeito eleito, evidenciando a utilização de recursos não contabilizados oficialmente.
Diante disso, Damiani pediu a cassação do diploma de Alei Fernandes e Acácio Ambrosini, a declaração de inelegibilidade dos investigados por oito anos, aplicação de multa por captação ilícita de sufrágio e quebra do sigilo bancário dos envolvidos, desde a filiação de Alei Fernandes ao partido até a data da eleição.
Nesta manhã, policiais federais cumpriram nove mandados de busca e apreensão, além de uma medida cautelar pessoal, que inclui a entrega do passaporte do investigado, a proibição de sair da cidade e o impedimento de contato com outros envolvidos na investigação. As ordens foram emitidas pelo Juiz Eleitoral de Garantias do Núcleo I – TRE/MT e visam coletar evidências adicionais para elucidar os fatos.
A PF ainda não confirmou os nomes que foram alvos da operação. 

 

Fonte: Olhar Direto

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