Durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República, chanceler Celso Amorim, negou ter proposto novas eleições na Venezuela, mas destacou que a sugestão é uma “ideia que está aí”. Apesar disso, Amorim explicou que a possibilidade não está sendo discutida.
“Eu não fiz, nós nunca fizemos uma proposta de novas eleições”, disse Amorim aos senadores. “É um tema. Ouvi isso a primeira vez, não posso dizer de quem, mas não era de um brasileiro. Acho que o curioso de novas eleições é que, tanto um quanto outro poderiam aceitar facilmente. Se todos ele dizem que ganharam, ganhariam de novo.”
Na ocasião, o ex-chanceler respondia a um questionamento da senadora (PP-MS), que o interpelou se essa seria uma sugestão que ele faria se o pleito fosse no Brasil com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa.
“Se houvesse novas eleições, teria que ser com supervisão robusta, mas é uma ideia, que está aí”, continuou Amorim, sugerindo que a União Europeia pudesse supervisionar a possível nova disputa. “Achávamos muito importante, e isso fazia parte do Acordo de Barbados, uma supervisão internacional forte”, prosseguiu o ex-chanceler.
A eventual sugestão de AmorimSegundo o veículo, a sugestão do ex-chanceler teria sido levada a Lula. Seria uma espécie de segundo turno do pleito de 28 de julho, que declarou o ditador Nicolás Maduro reeleito na Venezuela. A sugestão teria sido levada em “caráter informal”.
Aos parlamentares, Amorim destacou que o papel do Brasil no conflito na Venezuela é promover o “diálogo”, a mediação e a paz. Além disso, que a situação no país é “perigosa”.
O Brasil não reconheceu a reeleição do ditador Nicolás Maduro na Venezuela, mas continua cobrando a apresentação das atas eleitorais. Apesar disso, também não reconheceu a vitória de Edmundo González, principal opositor a Maduro nas urnas.
Ainda ao colegiado nesta manhã, Amorim destacou ter recebido González durante sua estadia em Caracas, capital venezuelana. O assessor especial, porém, ressaltou que não se encontrou com a líder da oposição María Corina, pois “alguém deveria manter contato com o governo”.
Em 29 de julho, , apesar de a oposição falar em fraude eleitoral. Conforme os opositores do regime chavista, González, venceu, com 70%.
A oposição e demais candidaturas independentes na Venezuela não aceitaram de forma consensual o resultado. A comunidade internacional também fez críticas. Após a reação negativa de sete países latino-americanos, Maduro expulsou o corpo diplomático da Argentina, do Chile, da Costa Rica, do Panamá, do Peru, da República Dominicana e do Uruguai.
Em nota divulgada após o pleito, o Brasil, por sua vez, . O presidente Lula disse não ver nada de “anormal” na eleição” e cobrou a apresentação das atas eleitorais.
O CNE da Venezuela apresentou, na primeira semana, as atas à Justiça do país, mas a Corte é alinhada ao regime chavista.
Ainda de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o Palácio do Planalto reafirmou “o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”. Segundo o Itamaraty, é essencial que o CNE da Venezuela publique os dados, “desagregados por mesa de votação”, para o processo ter transparência.
Parlamentares, contudo, cobram uma posição mais contundente do governo federal, que ainda aguarda a divulgação das atas por parte do CNE venezuelano para ter um posicionamento oficial sobre o pleito.
Fonte: revistaoeste