O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, afirmou que “hoje, não vê” possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparecer à posse do ditador da Venezuela Nicolás Maduro, em janeiro.
“Eu não vou ficar especulando sobre isso [Lula ir à posse]”, disse Amorim em entrevista ao Valor Econômico, nesta sexta-feira, 20. “Se você perguntar, hoje eu não vejo isso. Daqui a quatro meses, eu não sei o que acontecerá, se terá havido [um acordo].”
Apesar disso, mesmo com as controvérsias eleitorais, Amorim afirmou que o Brasil manterá relações com o governo chavista.
“Brasil não vai romper relações com a Venezuela”, disse Amorim em entrevista ao Valor Econômico, nesta sexta-feira, 20. “Relações é com o Estado. Nem romperia se fosse um cara de direita. Vamos trabalhar no que pudermos.”
Ao ser indagado se considera a Venezuela uma ditadura, Amorim preferiu não usar adjetivos. “Nunca é ‘game over’”, disse, em relação à esperança de eleições limpas.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, diretamente ligado ao chavismo, declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições de 28 de julho. A oposição, no entanto, alega fraude e sustenta que o verdadeiro vencedor foi Edmundo González Urrutia.
Amorim reconheceu que as tentativas brasileiras de promover um processo eleitoral mais transparente na Venezuela não foram bem-sucedidas. No entanto, ele ressaltou que o Brasil continuará em colaboração com Maduro, dentro dos limites da cooperação democrática.
“A gente também tem um limite do que podemos fazer sem ser interferência”, afirmou. “A gente até deu sugestões [sobre novas eleições]. Aparentemente, nem a oposição nem o governo estiveram de acordo — o que demonstra que talvez essas sugestões fossem equilibradas.”
Fonte: revistaoeste