Sejamos bem claros. Quem poderia impedir a sombria ditadura em que cada vez mais o Brasil se atola é o Congresso Nacional. Quem ajudou a nos atolar na ditadura persecutória, travestida de defesa da democracia, é o Congresso Nacional. Hoje, congressistas — alguns, diga-se — pagam o preço pelo silêncio, omissão e covardia da maioria de deputados e senadores, que nada fizeram diante dos desmandos do Judiciário. Dezenas de pedidos de impeachment de juízes supremos abusivos foram arquivados, esboços de reformas do Poder Judiciário foram barrados. Os presidentes das Casas, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, emitiram esboços de discursos de reação. Mas nenhuma ação efetiva contra as perseguições, silenciamentos e até prisões abusivas que passam debaixo de seus narizes.
Agora a água autocrata bate no glúteo de nossos polidos e discretos congressistas. . O motivo? Acusação de liderar as invasões do 8 de janeiro. Um sujeito que não havia estado na invasão do 8 de janeiro o chamou de “meu líder”, expressão usada o tempo todo em Brasília. . Acusação de uma suposta interferência na Abin para monitorar adversários políticos de Bolsonaro. Uma conversa de uma época em que o deputado estava fora da Abin foi a razão esdrúxula de sua intimação. Não importa o esdrúxulo da razão para os perseguidores. Eles sabem que contam com a Globo e toda a grande mídia para deturpar a realidade e jogar o noticiário contra quem querem destruir. Hoje, qualquer político, jornalista, influenciador que tenha algum elo direto ou indireto com o que os juízes supremos chamam de bolsonarismo está com a cabeça à prêmio. Em sendo candidato nestas eleições, jogando a cabeça em evidência, corre mais o risco de tê-la cortada.
O próprio Congresso Nacional é o agente omisso que gerou esta ditadura perfeita onde o Brasil se enfiou, que agora engole seus próprios deputados. . Condenado a mais de dez anos de cadeia, sem recurso, sem direito à progressão de pena, mesmo tendo sido indultado por Bolsonaro, de nada adiantou. O ex-deputado foi cassado, expulso e teve seu pedido de prisão endossado pelos seus pares deputados que não perceberam que estavam cortando as suas próprias cabeças, anulando seu poder ao entregarem o colega num dos mais absurdos processos da história da Justiça brasileira.
Hoje, o resultado: o líder da oposição tendo mandado de busca e apreensão em sua casa, sendo acordado, ele e sua família, com um fuzil na sua cara com a acusação esdrúxula de liderar as invasões do 8 de janeiro. O deputado Ramagem também investigado, intimado, perseguindo em sua casa por uma mensagem de WhatsApp de quando nem era da Abin, de fazer monitoramento de adversários políticos, coisa que parece piada de humor negro: jornalistas, políticos, cidadãos a todo momento são monitorados em suas redes sociais e empregos pela ditatoga: eu mesmo perdi uma rede social por três meses por dizer que havia censura no Brasil. Outros perderam redes, trabalho, contas bancárias, passaporte, perderam até a liberdade em prisões arbitrárias. E os juízes supremos que monitoram e arruínam os adversários acusam os outros de monitoramento. Outro deputado acusado de fazer autodeclaração racial falsa, quando o próprio Flávio Dino já se declarou branco, pardo e preto ao mesmo tempo. Todos estes deputados são candidatos conservadores a prefeito de suas cidades, ligados a Bolsonaro. Eles despertam o ódio da Justiça Suprema, que quer eliminar toda a direita brasileira com os mais esdrúxulos argumentos. Não admitem o contraponto de uma imprensa livre, uma vez que jornalistas independentes são também censurados e presos.
Agora o Congresso percebe que a ditadura não tem ombro. Vai entrando, penetrando aos poucos por onde deixam. Os deputados e senadores deixaram e estão deixando. Deputados e senadores, com medo de processos engavetados por juízes supremos, se calam e nada fazem diante dos desmandos do Judiciário, que anula seus poderes e quebra sua liberdade e integridade, invadindo suas casas. Pior: seguem na maioria calados, porque Valdemar Costa Neto, o papa do PL, disse aos candidatos a prefeito e vereador para não puxarem briga com o Supremo. Todo mundo calado, com medo, omisso, enquanto a ditadura sombria vai apagando a democracia no Brasil.
Leia mais: “O perigo da liberdade”, artigo de J. R. Guzzo publicado na Edição 201 da Revista Oeste
Tudo isso feito numa espécie de democracia sem povo, onde só vigora o autoritarismo sem contraponto. Sem voz na grande mídia, sem voz no Congresso, que segue calado. Você já parou para se perguntar onde estão os eleitores de Lula? Aonde o presidente vai, ou não há ninguém, ou há gente o vaiando e xingando. Lula mal fica no Brasil. Vive viajando ou enclausurado com público controlado. Suas lives são fracasso de audiência. Reúnem menos que 3 mil pessoas por transmissão. Ao contrário da última live de Bolsonaro, que já conta com mais de 5 milhões de visualizações. Cadê os eleitores de Lula, se ele teve metade dos votos do país, como atestou a Justiça Eleitoral? Alguém pode dizer que o eleitorado de Lula na verdade só o colocou no poder por rejeição a Bolsonaro e o despreza. Ainda assim, as pesquisas atestam um terço das pessoas que consideram seu governo bom e ótimo. Onde estão estas pessoas? Nas redes sociais são minoria. Não vão a comício algum. Não vão ao encontro de Lula, que parece governar sem povo. Pior: enfia na goela pautas impopulares, que podem ser aprovadas pelo Congresso. Liberação de drogas, liberação de aborto, liberação de presos perigosos, anulação de pequenos crimes como roubo — tudo isto colocado na mesa pelo Supremo Tribunal Federal, cabo eleitoral de Lula nas eleições e na Justiça. O STF age como o agente real legislador das pautas do governo, que age como os políticos de ação no Brasil — estes também sem nenhum respaldo popular. Juízes sem voto e sem legitimidade para legislar, mas endossados pela legitimidade do medo que impõem a todos. Importante salientar que a grande maioria do Supremo foi indicada pelo lulopetismo.
Coincidência ou não, foi esta maioria de juízes que tirou Lula da cadeia e o devolveu ao poder. Esta maioria de juízes tem perseguido, censurado e prendido adversários do poder lulopetista, sob argumento falho de que são golpistas. Achar que há ilegalidade na soltura e eleição de um homem condenado por corrupção pode colocar alguém na cadeia porque o Supremo acha que dizer isso é ato antidemocrático. A imprensa aplaude e endossa. É a ditadura perfeita. Governo, Judiciário e grande mídia unidos contra todos. E com anuência omissa e silenciosa do Congresso Nacional. Uma ditadura perfeita, sem povo, sem apoio popular, com um povo calado e amedrontado pela via tirânica de juízes que literalmente prendem e arrebentam toda voz dissonante ao poder estabelecido no Brasil.
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Fonte: revistaoeste