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Zac Efron quer distância dos papéis de gostosões que fez

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A Guerra do Vietnã é terreno fartamente explorado pelo cinema americano. Cânones como “Apocalypse Now” e “Nascido para Matar” mostraram os horrores do conflito antes e, agora, Peter Farrelly busca se distanciar deles para apresentar uma outra perspectiva -é pelos olhos de um civil, afinal, que adentramos o país asiático nos anos 1960, em “Operação Cerveja”.

Certamente o nome há de causar estranhamento no espectador. Quase jocoso, ele não combina exatamente com um longa que se propõe a narrar os horrores de uma guerra tão sangrenta. Mas ele segue o cerne da trama, que é, acredite se quiser, inspirada numa história real.

Em 1968, John “Chickie” Donohue embarcou numa viagem de quatro meses rumo ao Vietnã, decidido a entregar fardos de cerveja aos amigos e vizinhos que combatiam no conflito. Ele foi motivado pelo dono de um bar nova-iorquino e pelo sentimento antibélico que tomava alguns jovens americanos do período.

Não que ele concordasse com eles -Chickie, vemos ao longo do filme, tem uma lenta jornada de assimilação até entender que a guerra era ruim, que as pessoas estavam morrendo em nome de um discurso político vazio.

À frente do elenco está Zac Efron, num personagem distante daqueles que engrossam sua filmografia.

 

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O ator, aliás, vem repetindo em entrevistas que a reincidência no papel de galã fez mal a ele. Agora, ele quer abandonar o tipo gostosão que o levou a filmes como “Baywatch: S.O.S. Malibu” e “Vizinhos”, e o mocinho galanteador de “O Rei do Show”, “Hairspray” e até mesmo “High School Musical”.

“Não é como se eu pensasse nisso toda hora, como tem parecido, mas o que eu sei é que o tipo de trabalho de ‘Operação Cerveja’, com esse nível de roteiro, é o que eu quero passar a fazer mais”, diz Efron, em entrevista.

“Se as coisas fossem do meu jeito, eu certamente teria começado minha carreira nesse tipo de filme, apesar de não saber se eu estaria pronto para isso no passado. Mas tenho muito orgulho de estar nesse lugar agora.”

Há pouco mais de um ano, o galã chocou os fãs ao aparecer com o rosto quadrangular e inchado, beirando a deformação que vemos em gente que quer ser Ken ou Barbie humanos e que, de tanta plástica, ficam artificiais.

Às vésperas de sua passagem pelo Festival de Toronto com “Operação Cerveja”, Efron finalmente falou do assunto, na semana passada. A aparência esquisita, diz ele, se deve a um grave acidente doméstico que fraturou sua mandíbula.

Por causa da pressão que sentiu para esclarecer a nova aparência e, claro, pela filmografia tão associada à imagem do deus grego perfeito, ele disse à revista Men’s Health que desenvolveu insônia e depressão nos últimos anos.

“Há pouca água naquela pele. Tipo, é fake, parece computação gráfica”, disse sobre seu físico em “Baywatch”, escultural a ponto de deixar várias das veias dos braços musculosos saltadas a todo momento.

 

“Eu tomei diuréticos poderosos para alcançar aquilo. Eu não preciso disso, eu prefiro ter dois ou três por cento de gordura extra no meu corpo.”

Em “Operação Cerveja”, os gomos de sua barriga não ficam à mostra e é com um bigode de tiozão, vestindo camisa xadrez comportada, que ele aparece em cena. O longa, afinal, segue outro trabalho pouco sexy do diretor Peter Farrelly.

Há quatro anos, ele venceu duas estatuetas do Oscar, incluindo a de melhor filme, com o seu “Green Book: O Guia”. À época, muitos criticaram sua visão romantizada, embranquecida até, do racismo nos Estados Unidos -fora a homossexualidade do protagonista, que foi relegada a um segundo plano.

Por tratar de uma guerra tão controversa, “Operação Cerveja” pode trazer ao cineasta novos comentários sobre a falta ou não de profundidade política. Por vídeo, Farrelly se adianta e deixa claro que quando faz um filme, “nunca há uma mensagem, apenas a tentativa de contar uma história”.

Mas reconhece que, ao filmar a Guerra do Vietnã, optou por percorrer um caminho delicado e inescapavelmente polarizador. “A liderança americana foi horrível, e nós não sabíamos disso na época. Todos achavam que era uma guerra boa. Os americanos foram enganados, acharam que aquilo era uma nova Segunda Guerra Mundial, porque havia muita desinformação”, diz.

E, apesar de fugir dos “filmes com mensagem”, diz esperar que “Operação Cerveja” se junte a uma lista de obras culturais que “encorajem a Rússia a perceber que não há vitória no que eles estão fazendo na Ucrânia”.

 

OPERAÇÃO CERVEJA
Quando Estreia nesta sexta (30), no Apple TV+
Classificação Não informada
Elenco Zac Efron, Russell Crowe e Bill Murray
Produção EUA, 2022
Direção Peter Farrelly

 

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