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Tricotilomania: Entenda Quando Arrancar Cabelos se Torna uma Doença

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Maria Lúcia era uma adolescente de 17 anos de idade e a mais nova de um casal de filhos de Carlos e Eduarda, funcionários públicos, que trabalhavam no mesmo local, onde se conheceram há 20 anos.

Médico e colunista Marcos Estevão

A mocinha tinha muitos amigos, a maioria da escola e preparava-se para o vestibular ao curso de psicologia. Apesar da grande rede de amizade, pouco saía de casa, isso devido ao aspecto muito controlador dos pais, que lhe diziam que proibiam sua saída por mera preocupação com sua segurança nas ruas perigosas de hoje em dia.

Em casa, além das horas de estudo, assistia à televisão e nesses dois momentos tinha o costume de arrancar alguns fios de cabelo. Em pouco tempo já mostrava pequenas falhas no couro cabeludo, que disfarçava ao esconder com os próprios cabelos, penteando-os de forma a cobrir os vazios existente na cabeça.

Começou a namorar um rapaz da própria escola, Que passou a frequentar sua casa com a permissão dos pais, que lhe permitiam, de início, uma saída para ir ao cinema nas matinês de domingo e paulatinamente algumas saídas noturnas. Depois de alguns meses de namoro, veio o fim do relacionamento, com piora considerável do comportamento de arrancar fios de cabelo, passando a fazer isso também nas sobrancelhas.

Dizia ter um momento de grande tensão, que antecedia a retirada dos cabelos e que após o ato, dela se apoderava uma grande sensação de alívio e prazer.

A indignação dos pais e a reprovação dos atos da filha não diminuíam seu comportamento. Resolveram, então, levá-la a um psicólogo e depois de seis meses foi necessário associar a este acompanhamento, um tratamento psiquiátrico e uso de medicamentos.

Muitos são os comportamentos inadequados observados na espécie humana. Alguns deles são inerentes à própria educação; outros, por hábitos adquiridos na infância ou adolescência, por mera imitação de membros dos grupos de iguais; outros, porém, são comportamentos patológicos, que podem e devem ser tratados.

Marcos Estevão, médico e escritor

Dentre esses comportamentos anormais, está a Tricotilomania, que se trata de um impulso incontrolável de arrancar fios de cabelo, principalmente da cabeça e, secundariamente, de qualquer outra parte do corpo, como sobrancelhas, barba, bigode, axilas, etc.

A tricotilomania é um transtorno crônico do comportamento de arrancar fios de cabelo ou pelos do próprio corpo, precedidos de grande tensão e seguidos de alívio e prazer. Trata-se de um ato geralmente consciente, mas que muitas vezes é feito automaticamente sem a percepção ou com a percepção tardia da pessoa doente.

Quase metade das pessoas acometidas de tricotilomania também desenvolvem a tricofagia, que é o hábito de engolir os fios de cabelo ou de pelos arrancados da cabeça ou do corpo, o que pode trazer grandes prejuízos para saúde física do indivíduo, muitas vezes com necessidade de procedimento cirúrgico para a retirada dos fios, que não são digeridos e formam um bolo no estômago ou no intestino, interrompendo o fluxo alimentar.

É muito comum a associação da tricotilomania com outros transtornos mentais como ansiedade, depressão, transtorno obsessivo compulsivo e uso de álcool e drogas.

Não se conhece a causa exata da tricotilomania, que é muitas vezes subdiagnosticada, visto que as pessoas acometidas por esse mal sentem-se constrangidas e envergonhadas e, por isso, evitam falar do assunto ou buscar ajuda profissional.

O tratamento Deve ser integrado – psiquiátrico e psicológico – e geralmente há necessidade de uso de medicamentos para melhor controle dos impulsos.

Depois de algum tempo de ajuda profissional, com o uso de medicamentos e de apoio psicológico, Maria Lúcia conseguiu controlar seus impulsos anormais e hoje, já formada em psicologia, aprendeu novas técnicas para ajudar pessoas com problemas iguais ao seu.

Fonte: primeirapagina

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