Pressa significa rapidez, urgência, afobação, impaciência. É a dificuldade de determinada pessoa aguardar sua vez, esperar o momento que não depende dela e, quando depende, o faz velozmente, de modo precipitado. Diz o ditado popular que a pressa é inimiga da perfeição. Outro ditado pontua que quem tem pressa, come cru.
A evolução dos tempos tenta mostrar o contrário e até consegue com a realização de cada vez mais coisas com rapidez e perfeição, como nas construções, nos meios de transporte, no socorro médico de urgência, nas cirurgias e em outras coisas.
Em muitas, porém, a paciência nos leva a melhores resultados, mostra que dispomos de equilíbrio mental e preocupação com os pormenores, que na pressa são perdidos, porque se tornam invisíveis a olhos apressados.
Hoje corremos em vez de andar. Já não telefonamos mais, enviamos mensagens, estas cada vez mais curtas, às vezes substituídas por símbolos, os famosos emojis.
As palavras, quando usadas, são quase simbólicas, vocábulos inteiros substituídos por uma ou duas letras, um linguajar dos tempos atuais, que vamos aprendendo por meio do uso diário, assim como aprendemos as primeiras palavras na infância.
Não há mais acentos, nem pontuações, apenas um embaralhado de palavras, que parecem desconexas, mas que, na verdade, são perfeitamente compreendidas por todos que as leem… Não me perguntem como.
Enquanto deficientes da linguagem falada ficariam extremamente gratos por articular algumas palavras, os falantes as desprezam. É a vida, é o mundo moderno.
Algumas pessoas, extremamente apressadas, sofrem muito com isso, uma vez que a pressa carrega um imenso grau de estresse, com prejuízos tanto ao corpo físico, como ao mental.
Quando esses prejuízos estão presentes, ocorre o que se tem denominado síndrome da pressa, que até cabe bem para explicar o fenômeno, mas não é uma entidade reconhecida pela medicina, até porque esse comportamento apressado faz parte do conjunto sintomatológico de determinadas enfermidades psiquiátricas, como a própria ansiedade ou a fase maníaca do transtorno bipolar.
A pressa é justificada pela falta de tempo, porque a humanidade está cada vez mais assoberbada de compromissos, principalmente aqueles afazeres profissionais, ou ocupada por interesses políticos, ou simplesmente para satisfazer a competição egóica do ser humano. Uns tem pressa porque querem “ter”, outros porque querem “ser” e outros porque querem conciliar ambas as coisas.
O tempo de que o indivíduo precisa para si, como cuidados à saúde, é relegado para depois; a família e os amigos também são colocados em segundo plano. Tudo é visto como perda de tempo, inclusive o horário que deveria ser reservado à alimentação e ao sono justo e repousante.
Pessoas apressadas querem fazer tudo e um pouco mais e chegam a esquecer que o dia tem apenas vinte e quatro horas e que um terço desse tempo é destinado ao sono, ou pelo menos deveria ser. Frustram-se por não terem conseguido realizar tudo que planejaram durante o dia e reagendam o que não fizeram para o dia seguinte, juntamente com outras tarefas mais.
É claro que o oposto também é prejudicial. A calma excessiva, com grande lentidão, leva a prejuízos para o trabalho e para a vida como um todo, principalmente no mundo moderno, que exige que sejamos ativos e que tenhamos uma certa celeridade, nada exagerado ou absurdo, algo rápido, mas com respeito ao nosso corpo.
Precisamos planejar melhor as nossas coisas, agendar nossos compromissos, realizar uma tarefa de cada vez, fazer hoje o que for possível e deixar o que não for possível para o dia seguinte. Precisamos nos alimentar adequadamente e procurar dormir bem e o suficiente para que possamos acordar descansados e prontos para mais um dia de atividade. Nós mesmos, a família e os amigos devemos estar entre as nossas prioridades.
Uma frase interessante teria sido dita por D. Pedro II ao seu cocheiro, “devagar, que eu tenho pressa”, para que este não conduzisse rapidamente a carruagem que o transportava, com risco de atrasá-lo em caso de acidente.
Precisamos ter em mente que a pressa, tanto pode salvar uma vida, como acabar com ela. Necessitamos de equilíbrio para decidir quando usá-la.
Fonte: primeirapagina