Um vídeo gravado por um policial militar da cidade de Guarantã do Norte (708 km de Cuiabá) e que viralizou nas redes chama atenção para questões ligadas à saúde mental dos agentes. Esgotado emocionalmente e em meio a lágrimas, o servidor público afirma que deixará a PM, após quase 19 de serviços prestados, pois reconhece que precisa parar, para “ser tratado como gente”.
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“Boa tarde senhores, eu tenho 18 anos e 11 meses de serviço, mas eu preciso reconhecer a hora de parar, e eu preciso parar. Estou de serviço hoje, estou abandonando e indo para minha casa, não vou vir trabalhar. Para mim chega, eu não quero salário melhor, eu quero ser gente”, exclamou.
“Busquei apoio, mas não tive condições e resolução. Então estou indo embora e abandonando os 18 anos de serviço. Para mim não dá mais”, desabafou o militar.
Em nota à imprensa, o comandante geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Correa Mendes, disse que soube do fato e que o policial já está sendo assistido pelo atendimento especializado da corporação.
“Sei muito bem que precisamos ser mais assistidos. Por outro lado, politizar a dor de irmãos e irmãs de farda é no mínimo irresponsável. Estou trabalhando diariamente pela saúde mental da minha tropa, e o policial que nos comoveu chorando em um vídeo já está sob nosso cuidado e atendimento especializado”, disse o oficial.
Além disso, coronel Mendes ressaltou que todos os PMs que precisarem de ajuda serão amparados, assim como outros 500 profissionais da corporação que já foram atendidos somente neste ano.
CONTINGENTE BAIXO
Conforme a Coordenadoria de Assistência Social da Polícia Militar, atualmente, a PM de Mato Grosso tem apenas 16 psicólogos, entre efetivos e contratados – a maioria deles em Cuiabá – disponíveis para atender mais de 7 mil policiais de todo o estado. O número corresponde a 1 profissional para cada 440 militares de MT.
O número baixo de psicólogos acende um “alerta” dentro da PM em Mato Grosso, uma vez que outra ocorrência recente relacionada a questões psicológicas resultou na morte do 2º sargento Willian Ferreira, morto com seis tiros dentro do batalhão da Companhia Independente da PM, em Sâo José do Rio Claro (295 Km de Cuiabá), pelo também PM, 3º sargento Gabriel Castella Cardoso.
O crime aconteceu no dia 21 do mês passado. Após atirar e matar o colega de farda, Gabriel se entregou e chegou a ser preso, mas tirou a própria vida dentro da cela, poucas horas após o fato.
Devido a situação envolvendo os dois militares e o choque gerado entre os colegas de batalhâo, todos os policiais militares do município, situado no médio norte do estado, precisaram ser amparados pelos profissionais de psicologia da instituição.
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Fonte: unicanews
