As áreas úmidas das regiões do Vale do Araguaia e Vale do Guaporé foram temas da audiência pública, realizada pela Assembleia Legislativa. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e o Poder Legislativo terão o prazo de quatro meses para realizar um estudo que contenha um mapeamento do Vale do Araguaia e Guaporé que comprove que as áreas descritas não fazem parte do bioma Pantanal e não podem ser regidas pela Lei 8830/2018.
Dados apresentados durante a audiência pública mostram que somente no Araguaia são 4 milhões e 200 mil hectares classificados pelo Poder Judiciário como de uso restrito e que não poderão ser explorados economicamente. A situação preocupa e inviabiliza 17 municípios. Assembleia precisa reverter o quadro e verificar diretamente a situação das famílias produtoras, principalmente no desenvolvimento socioeconômico do Araguaia e Guaporé.
O prefeito de Vila Bela da Santíssima Trindade, André Bringsken, que esteve na audiência pública, ressaltou que o Vale do Guaporé será o mais prejudicado. Ele explicou que mais de 400 mil hectares estão dentro do município e frisou que neste processo, Vila Bela sofre várias ameaças. “Devido a uma área de amortecimento de 158 mil hectares. No entorno do Parque Ricardo Franco, uma zona de 257 mil hectares precisa ser discutida, além disso a Funai pretende criar reservas indígenas onde não existe índio. O que tem são milhares pessoas que chegam da Bolívia e permanecem no município”, disse ele, Os bolivianos querem terras para trabalhar. O assunto volta a ser discutido pelo Poder Legislativo, através do deputado estadual, Catani, na próxima semana.
O prefeito de Água Boa, Mariano Filho, informou que seu município terá 36 mil hectares afetados diretamente. “Agradeço todo empenho da Assembleia Legislativa por essa audiência. Vamos sofrer um impacto enorme direcionado ao desenvolvimento do município. Todo Vale do Araguaia vai ser afetado, principalmente a economia, como num todo”, disse.
Já o prefeito de Querência, Fernando Gorgen, endossou a opinião dos demais prefeitos presentes na audiência dizendo que várias indústrias estão com receio de se instalarem na região devido ao imbróglio.
“A audiência é importante para todos, visto que agora que está chegando o desenvolvimento e crescimento socioeconômico com a industrialização de grãos. Se a região for inviabilizada, as indústrias que vão se instalar podem sofrer o impacto. Após esse evento, espero que possamos mostrar para as autoridades competentes a sensibilidade com a questão social”, revelou.
Conforme o prefeito de Barra do Garças, Adilson Gonçalves de Macedo, o debate veio num momento oportuno. “Nós podemos sofrer consequências negativas e imensuráveis em razão do prejuízo que pode causar em todo Vale do Araguaia. Passamos várias décadas sem qualquer tipo de investimento por parte do governo do estado e, nos últimos anos, estamos recebendo a instalação de várias empresas aguardando um futuro promissor. Então, o Vale do Araguaia, sofrendo prejuízo, vai refletir diretamente em Barra do Garças”, lamentou.
Fonte: Assessoria da Prefeitura