Comemorado neste sábado (19/11), o empreendedorismo feminino não é apenas uma história de lucros e conquistas alcançados, mas, também, dos desafios enfrentados pelas mulheres ao longo dos anos. Os principais são acesso a linhas de crédito e juros altos.
Segundo pesquisa do Sebrae Mato Grosso, mais de 70% das mulheres são responsáveis pela fonte de renda da família. Cada empresária, surgida no mercado, contribui para girar a economia e gerar mais empregos.
Entre todas as operações de crédito da Desenvolve MT, em 2022, 58,9% foram destinadas a mulheres. De janeiro a outubro, foram liberados cerca de R$ 8,7 milhões em microcrédito, somente para empreendedoras. Este valor corresponde a 50% do volume liberado neste mesmo período.
A pesquisa do Sebrae/MT indica que as mulheres empreendem, principalmente, por necessidade (20%), pela busca de liberdade ou autonomia (19%), para trabalhar com o que gostam (19%), realizar o sonho do próprio negócio (17%) e novas oportunidades (15%).
Cerca de 52% das empreendedoras trabalham mais de 8 horas por dia, sendo que 30% passam mais de 11 horas trabalhando. Mesmo com uma jornada de trabalho maior, as mulheres optam pelo trabalho autônomo pela liberdade nas tomadas de decisões e horários flexíveis.
Começar um negócio exige coragem. Com determinação, as empreendedoras vêm ganhando espaço e oportunidades para potencializar os diversos setores da economia. É o caso da cuiabana Mhayanne Escobar, 36 anos, da Mhaykids, loja online de roupas infantis.
Mãe de dois filhos, de 4 e 8 anos, começou a empreender durante a pandemia. “Foi como uma luz no fim do túnel. Após o falecimento da minha mãe e a saída do emprego, optei por dedicar a um negócio, que me permitisse ficar com meus filhos e ter uma renda”, explica.
Com referências e ajuda de uma vizinha, abriu a sua empresa, começando, de forma tímida, vendendo algumas mercadorias. Em julho de 2021, com a intenção de ampliar o negócio, acessou a linha Mulher Empreendedora, da Desenvolve MT, para aumentar o estoque da loja virtual.
Dedicada, concilia tempo de qualidade com a família e seu negócio. “Tracei uma meta, só começo o trabalho depois que deixo meus filhos na escola no período vespertino, e estendo o expediente até às dez da noite, entregando as compras dos clientes”.
Outra empresária em expansão é Letícia Abreu, 45 anos, professora e empreendedora há 24 anos com seu consultório odontológico na capital.
Visando uma outra fonte de renda e que dependesse menos da sua força de trabalho, ela procurou a Desenvolve MT para obter capital de giro e construir seu novo consultório em Chapada dos Guimarães (66 km de Cuiabá) e adquirir equipamentos. A expectativa é que o novo consultório tenha oito profissionais atendendo.
“Na vida sempre temos desafios. Como sempre trabalhei no que domino, fica menos complicado. Para empreender, às vezes há dificuldade para conseguir crédito e saber qual rumo percorrer”, conta.
Crédito Mulher Empreendedora
Lançado em dezembro de 2021, o Governo de Mato Grosso, atento às dificuldades enfrentadas pelas mulheres empreendedoras, têm oferecido condições diferenciadas de acesso ao crédito por meio da Desenvolve MT (Agência de Fomento do Estado de Mato Grosso).
A linha de crédito Mulher Empreendedora pode ser utilizada para aquisição de insumos, móveis e utensílios nacionais novos, aquisição de softwares, sistema de gestão empresarial, material de construção, matéria-prima e mercadoria de revenda.
O crédito está disponível no valor de até R$ 15 mil, com juros de 0,37% a.m., carência de até 06 meses e 42 meses para pagar.
Caso a empreendedora seja Pessoa Física, poderá formalizar através do portal do empreendedor no site do Governo Federal, antes de solicitar o crédito.
(Com supervisão da jornalista Livia Rabani)
Fonte: GOV MT
“Muito, muito. É muito difícil a gente conseguir um emprego. Por qual motivo, eu não consigo entender, mas que é difícil, é. Principalmente agora na época de pandemia, está mais difícil ainda. São poucas vagas, e as vagas são muito concorridas. Eles querem que a gente tenha experiência de 30 anos, só que a gente tem apenas 25 anos de idade. Ou você tem que ter muita experiência, tem que ter estudo. Quando a gente não tem nenhum dos dois, fica muito difícil”, desabafa uma jovem negra, de 25 anos, de Belo Horizonte.
O depoimento, não identificado, faz parte do estudo Jovens Negros e o Mercado de Trabalho, uma pesquisa inédita encomendada pelo Banco Mundial ao Núcleo de Pesquisa Afro do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e ao Instituto de Referência Negra Peregum.
A jovem não está sozinha – o estudo mostra que, embora a população negra seja maioria no Brasil, 56%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa parcela é a que tem os menores índices de acesso à educação, à saúde e ao mercado de trabalho. São também os negros que mais sofrem com os altos índices de violência e encarceramento no país.
O estudo usa dados de pesquisas do IBGE, além de entrevistas feitas com jovens em Belém, Recife, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre. Os dados mostram que a contratação e até mesmo os salários variam de acordo com a raça, o gênero e se se trata, ou não, de uma pessoa com deficiência. Prova disso é que, no Brasil, de um lado, quase metade dos empregadores são homens brancos (45%) e mais da metade das mulheres brancas têm vínculo empregatício formal. Do outro lado, 60% dos trabalhadores informais são negros.
De acordo com a pesquisa, o esforço de inserção no mercado de trabalho “muitas vezes é cercado de constrangimentos que terminam por [se] constituir [em] barreiras de ingresso”, diz o texto. Dentre os 70 entrevistados, 28 jovens mencionaram barreiras percebidas no processo de contratação. Em primeiro lugar, 28 pessoas destacaram a relevância da aparência, como a cor de pele ou “…destoar de um padrão de RH [recursos humanos]”. Dezessete dos entrevistados chamaram a atenção para a falta de experiência, 11 para a formação insuficiente, seis destacaram o território de origem ou de residência e seis, a identidade de gênero.
Mesmo no mercado de trabalho formal, o tratamento entre brancos e negros não é igual. Entre pessoas com a mesma escolaridade e o mesmo status ocupacional, homens negros, mulheres brancas e mulheres negras não têm a mesma renda dos homens brancos com escolarização e ocupação semelhantes. Os dados nacionais mostram que homens brancos profissionais e proprietários recebem, em média, R$ 8.458, enquanto as mulheres negras, profissionais e proprietárias recebem 54% menos, ou R$ 3.966.
A pandemia de covid-19 ressaltou as desigualdades. Dados demonstram como, ao longo de 2020, a taxa de desocupação aumentou no país, crescendo, entre brancos, de 9,2% para 11,6%. Entre negros, porém, a taxa subiu de 11,4% para 16,6%.
A pesquisa aborda também a desigualdade entre pessoas com e sem deficiência e mostra que, mesmo quando conseguem uma ocupação, o valor dos rendimentos médios das pessoas com deficiência é mais baixo do que o da população sem deficiência e as desigualdades raciais e de gênero seguem padrão similar. Mulheres brancas com deficiência recebem 69% do que recebem os homens brancos com deficiência. Já os homens negros com deficiência recebem 53% e as mulheres negras, 40% dos homens brancos.
“Dessa forma, não é surpresa que jovens afrodescendentes muitas vezes sejam céticos em geral quanto a continuar a estudar, a procurar emprego e permanecer nele. Mesmo quando jovens negros conseguem superar as desvantagens educacionais, suas inserções no mercado de trabalho permanecem precárias e não condizentes com sua formação”, diz o estudo.
Recomendações
Diante de tal cenário, o estudo faz uma série de recomendações para mudar a situação atual do país, entre as quais destaca-se a realização de campanhas ou políticas de promoção da inclusão tecnológica. Tanto o acesso a computadores como o fornecimento de internet de qualidade gratuita, ou a preços acessíveis, poderão impactar na escolarização e no mercado de trabalho nos próximos anos.
No setor privado, a recomendação é ter programas de trainee específicos para negros. É necessária também maior permeabilidade territorial e iniciativas de maior escala, para chegar de fato à maior parte da população. Programas de subsídios salariais podem ser boas alternativas.
O estudo chama a atenção para a necessidade de redução de obstáculos econômicos para a conclusão escolar, o que ajudará crianças e jovens, principalmente negros e com deficiência de origem desfavorecida, a prosperar academicamente. É necessário ainda investimento em vagas prioritárias em creches, uma vez que subsídios para cuidado dos filhos são fundamentais para permitir que jovens mães de famílias de baixa renda continuem estudando e aliviar irmãos mais velhos da obrigação de cuidar dos menores, o que também se configura como causa do abandono escolar prematuro de meninas.
Os pesquisadores recomendam ainda subsídios salariais direcionados a criar incentivos para inserção de jovens negros e em situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho, seja por meio de uma política de subsídio salarial ou de isenção fiscal para as empresas.
Outra ação é oferecer subsídios de transporte como assistência à procura de emprego. Análises recentes mostram que pessoas de baixa renda tendem a viver muito mais longe do trabalho, requerendo muito tempo de deslocamento, mesmo em grandes áreas metropolitanas como São Paulo. Subsídios aos transportes para jovens que procuram emprego podem aliviar esta barreira de acesso a mercados de trabalho.
O estudo na íntegra pode ser acessado na internet.
Edição: Nádia Franco
Fonte: EBC Economia
A Caixa Econômica Federal antecipa hoje (19) a parcela de novembro do Auxílio Brasil aos beneficiários com Número de Inscrição Social (NIS) com final 3. Essa é a quarta parcela com o valor mínimo de R$ 600, que vigorará até dezembro conforme emenda constitucional promulgada em julho pelo Congresso Nacional.
Oficialmente, o calendário do Auxílio Brasil prevê o pagamento aos beneficiários de NIS 3 na segunda-feira (21). No entanto, desde setembro, os beneficiários que recebem o Auxílio Brasil às segundas-feiras podem movimentar o dinheiro a partir do sábado anterior.
A menos que uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC) seja aprovada, o valor mínimo do Auxílio Brasil voltará a R$ 400 em janeiro. Na quarta-feira (16) à noite, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, entregou uma PEC ao Congresso prevendo uma exceção de R$ 175 bilhões no teto federal de gastos que permitiria a manutenção do valor em R$ 600 e o pagamento de R$ 150 extras a famílias com crianças de até 6 anos. O programa voltaria a chamar-se Bolsa Família.
A emenda constitucional aprovada em julho liberou a inclusão de 2,2 milhões de famílias no Auxílio Brasil. Com isso, o total de beneficiários atendidos pelo programa subiu para 20,2 milhões neste semestre a partir deste mês. Tradicionalmente, as datas do Auxílio Brasil seguem o modelo do Bolsa Família, que pagava os beneficiários nos dez últimos dias úteis do mês.
O beneficiário poderá consultar informações sobre as datas de pagamento, o valor do benefício e a composição das parcelas em dois aplicativos: Auxílio Brasil, desenvolvido para o programa social, e o aplicativo Caixa Tem, usado para acompanhar as contas poupança digitais do banco.
Benefícios básicos
O Auxílio Brasil tem três benefícios básicos e seis suplementares, que podem ser adicionados caso o beneficiário consiga um emprego ou tenha um filho que se destaque em competições esportivas ou em competições científicas e acadêmicas.
Podem receber os benefícios extras as famílias com renda per capita de até R$ 100, consideradas em situação de extrema pobreza, e aquelas com renda per capita de até R$ 200, consideradas em condição de pobreza.
A Agência Brasil elaborou um guia de perguntas e respostas sobre o Auxílio Brasil. Entre as dúvidas que o beneficiário pode tirar estão os critérios para integrar o programa social, os nove tipos diferentes de benefícios e o que aconteceu com o Bolsa Família e o auxílio emergencial, que vigoraram até outubro do ano passado.
Auxílio Gás
Neste mês não haverá o pagamento do Auxílio Gás, que beneficia famílias cadastradas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Como o benefício só é pago a cada dois meses, o pagamento voltará em dezembro.
Só pode receber o Auxílio Gás quem está incluído no CadÚnico e tenha pelo menos um membro da família que receba o Benefício de Prestação Continuada (BPC). A lei que criou o programa definiu que a mulher responsável pela família terá preferência, assim como mulheres vítimas de violência doméstica.
Edição: Valéria Aguiar
Fonte: EBC Economia
Fonte: odocumento