Via @portalg1 | Está prevista para esta segunda-feira (9) a primeira Audiência de Instrução e Julgamento (AIJ) dos réus acusados de matar o advogado Rodrigo Marinho Crespo no Centro do Rio, em fevereiro deste ano.
Leandro Machado, que é policial militar, Eduardo Sobreira Moraes e Cezar Daniel Mondêgo de Souza são suspeitos do crime. Os três estão presos (veja mais detalhes abaixo).
O juiz Cariel Bezerra Patriota, do 3º Tribunal do Júri da Capital, presidirá as audiências. Além do interrogatório dos réus, 23 testemunhas — de acusação e defesa – devem ser ouvidas ao longo da semana.
A motivação do homicídio ainda é considerada incerta, mas a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga se ligações da vítima com o setor de apostas on-line podem ter relação com o crime.
Relembre o caso
O advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, foi morto a tiros em frente à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no dia 26 de fevereiro deste ano, quando saía do escritório em que trabalhava.
Em abril, a Justiça aceitou a denúncia e tornou réus os três indiciados pelo homicídio qualificado do advogado.
Na decisão, também ficou determinada o afastamento de Leandro da Polícia Militar e a perda de seu porte de arma.
A Polícia Civil segue investigando para apurar se há mais envolvidos no crime. A polícia também analisa os dados de celulares apreendidos na prisão dos três suspeitos na primeira fase das investigações. O objetivo é descobrir informações que levem aos executores e ao mandante do crime.
A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que a morte de Crespo pode ter sido um “recado” de contraventores contra o mercado legal de apostas online no Rio de Janeiro. Antes de morrer, Rodrigo tinha começado a se interessar pelo mercado de bets.
“O crime, não por acaso, foi cometido em plena luz do dia, próximo à OAB, em que pese a vítima ter sido monitorada dias seguidos, e podia ter sido executada na calada da noite, em local mais ermo. Há fortes indícios de que a malta, com a execução, tenha pretendido dar ‘um recado'”, diz o MP na denúncia, feita em abril.
Segundo as investigações, os três suspeitos se encontraram antes e depois do crime nos arredores do 15º BPM (Duque de Caxias) onde Leandro trabalhava.
De acordo com o juiz que decidiu de pela prorrogação da prisão dos suspeitos, há indícios de participação de todos eles em um grupo de extermínio:
“É extremamente preocupante a presente investigação que revela a participação de um policial militar da ativa em um grupo de execução/extermínio, um verdadeiro grupo de sicários que se aproveita do poder estatal para criar um poder paralelo”.
Adilsinho foi alvo de buscas
Em abril deste ano, Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, atual presidente de honra do Salgueiro, foi alvo de mandados de busca e apreensão em uma operação sobre a morte do advogado.
Segundo a DHC, o grupo que praticou o homicídio é capitaneado por Adilsinho e atua na exploração de jogos ilegais e no comércio ilegal de cigarros, tendo como base Duque de Caxias.
Adilson Oliveira, o Adilsinho — Foto: Reprodução/Fantástico
Entenda a participação dos suspeitos
O policial militar Leandro Machado da Silva — Foto: Betinho Casas Novas/TV Globo
Segundo as investigações, o policial militar Leandro Machado da Silva providenciou o aluguel dos carros usados no crime.
Leandro foi impronunciado por falta de indícios de autoria, por decisão da Justiça. O Ministério Público recorreu da decisão, alegando que o sobrinho da vítima reconheceu Leandro como um dos autores da execução, e que outras provas apontam para a participação dele no crime.
A defesa de Leandro, procurada pelo g1, nega todas as acusações contra o policial militar.
“Esperamos provar que, em que pese a investigação ter devastado a vida pessoal do acusado, ela falhou em provar laço criminoso do Leandro Machado com a morte do nobre colega advogado”, afirmou Diogo Macruz.
Cezar Daniel Mondego — Foto: Jornal Nacional/Reprodução
Cezar Daniel Mondego de Souza foi apontado como responsável por monitorar a vítima. Ele Tinha cargo comissionado com salário de até R$ 6 mil na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj).
Segundo a denúncia do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ, Cezar e Eduardo “exerceram atividade de vigilância e monitoramento sobre a vítima por dias seguidos, espelhando sua rotina, de forma a viabilizar o momento do ataque fatal”.
As investigações apontam que Mondego utilizava um carro, um Gol Branco, que foi visto próximo à casa e ao trabalho de Crespo nos dias que antecederam o crime.
Uma das mensagens obtidas pela polícia após quebra de sigilo indica que Mondego pediu, por meio de um emissário, para falar com o “Patrão”. A DHC suspeita que o apelido se refira ao mandante do crime.
Quando Cezar foi exonerado do cargo que ocupava na Alerj, indicou o outro investigado pelo crime, Eduardo Sobreira Moraes, para o seu lugar na assembleia.
“As acusações da Promotoria contra meu cliente não têm base sólida. Não há nos autos qualquer prova séria de que ele buscava a morte da vítima; ou mesmo que ele sabia que a vítima estava sendo monitorada para morte. Tudo não passa de suposições enviesadas, com fim de dar uma rápida satisfação à sociedade. Ao final do processo, a defesa acredita na absolvição”, disse o advogado Bruno Castro, que defende Mondego.
Eduardo Sobreira Moraes, de 47 anos — Foto: Reprodução
Já Eduardo Sobreira Moraes é apontado pela polícia como o responsável por seguir os passos de Rodrigo, dirigindo o carro para Cezar enquanto acompanhavam a movimentação da vítima antes do assassinato.
Segundo as investigações, Eduardo foi flagrado por uma câmera de segurança de uma academia, no bairro do Leblon, na Zona Sul, que era frequentada pela vítima.
Segundo a polícia, Eduardo se desfez do próprio celular ao receber de Cezar a informação que o veículo usado no monitoramento, um Gol Branco, tinha sido encontrado na região dos lagos.
A defesa diz que Eduardo é inocente. “A defesa e a família do Eduardo vêm aguardando a audiência com muita expectativa e a tranquilidade de que a sua inocência restará comprovada e as acusações são inverídicas”, afirmou Felippe Carrero Teixeira.
Por g1 Rio
Fonte: @portalg1