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Infarto e AVC em jovens: por que a preocupação está crescendo

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Por muito tempo, infartos e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) foram associados a pessoas idosas. No entanto, uma realidade alarmante está chamando a atenção dos especialistas: o número de jovens com menos de 40 anos acometidos por essas condições está crescendo significativamente.

Alimentação inadequada, estresse, sedentarismo e outros fatores de risco emergentes estão transformando o perfil das doenças cardiovasculares, desafiando médicos e sistemas de saúde.

Doença de idoso? Não mais

Os dados são claros: os casos de infartos registrados por mês no Brasil mais que dobraram nos últimos 15 anos, com a média mensal de internações subindo quase 160% no mesmo período. O aumento é ainda mais expressivo entre jovens de até 30 anos, onde o crescimento foi 10% acima da média, segundo levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) com base nos dados do Ministério da Saúde.

A tendência é acompanhada também pelos números de AVCs. Em 2022, o Brasil registrou 185.195 internações por AVC, enquanto as mortes pela doença chegaram a 115.090. Esses dados desafiam a percepção de que doenças cardiovasculares são exclusivas da terceira idade.

Casos como o da jornalista Denise Soares, de Cuiabá, que faleceu aos 32 anos após um infarto fulminante, refletem essa nova realidade. Denise era conhecida por sua energia e dedicação ao jornalismo, mas vinha enfrentando sintomas de cansaço excessivo, que ignorou por acreditar serem causados pela rotina agitada. Sua morte repentina impactou profundamente sua noiva, Ruth Passos, psicopedagoga.

“Vivemos em uma sociedade que exige uma rotina extremamente puxada de trabalho, o que muitas vezes nos faz deixar os cuidados com a saúde de lado. A perda da Denise me fez refletir sobre a importância de cuidar da minha saúde: desde a alimentação até o combate ao sedentarismo e o resgate de momentos de qualidade para fazer coisas que realmente amo, como tocar instrumentos ou ler livros.”

Mato Grosso e os números que não podemos ignorar

Em Mato Grosso, a situação reflete a tendência nacional. De janeiro a agosto de 2024, 1.611 internações por AVC foram registradas no estado, com Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis liderando os números. Além disso, casos de infarto, como o de Denise, reforçam a necessidade de alerta para os fatores de risco entre jovens no estado.

O médico cardiologista Carlos Carretone reforça a importância de adotar hábitos saudáveis para prevenir doenças cardiovasculares. Segundo ele, ações como o controle da glicemia em pacientes diabéticos, a redução do peso, o tratamento da hipertensão arterial e o abandono do tabagismo são essenciais para alcançar uma vida mais saudável.

Carretone define essas mudanças como um caminho para a “prosperidade”, um conceito que ele descreve como um movimento em direção à saúde plena e ao bem-estar.

“O controle dessas comorbidades, como a glicemia para quem é diabético, a redução de inflamações, o controle do peso, a gestão da hipertensão arterial e, para quem fuma, parar de fumar, são fundamentais. Todas essas atitudes nos levam ao que chamo de ‘prosperidade’: um movimento em direção à saúde e ao bem-estar.”

Iully Hanna morreu aos 23 anos. Um dia antes da formatura em engenharia ela sofreu fortes dores de cabeça. Ela foi à UPA e chegou a ser medicada. Voltou para casa, desmaiou e não voltou mais, segundo a mãe dela, Osvanira Costa.

Quando a rotina cobra um preço alto

Vitória Aparecida Morais Curvo de Melo, de 26 anos, sofreu um AVC, em outubro de 2024, enquanto trabalhava como diarista.

Durante uma faxina, ela começou a sentir fortes dores na nuca e notou que o lado direito de seu corpo estava adormecendo e entortando.

Resgatada pelo Samu, Vitória passou mais de 14 dias internada, incluindo um período na UTI. Ela enfrentou dificuldades financeiras, já que depende das diárias para seu sustento e pediu ajuda com alimentos, leite, fraldas, medicamentos e dinheiro.

Estresse, fast food e redes sociais: os vilões modernos

1 – Estresse crônico

A pressão da vida moderna tem aumentado os casos de doenças cardiovasculares entre jovens. O estresse eleva os níveis de cortisol, causando inflamações nos vasos sanguíneos e aumentando os riscos de infarto e AVC.

2 – Sedentarismo na era digital

Com 81% dos adolescentes no mundo sem praticar a quantidade mínima recomendada de atividade física, o sedentarismo é uma epidemia silenciosa que continua na vida adulta.

3 – O perigo no prato

A busca por praticidade muitas vezes leva os jovens a uma alimentação baseada em fast food e ultraprocessados. Isso resulta em obesidade, hipertensão e diabetes, condições diretamente associadas a doenças cardiovasculares.

Pequenos passos, grandes mudanças

Especialistas recomendam mudanças simples, mas significativas, para prevenir infarto e AVC:

  • Mexa-se: Caminhadas, natação ou esportes ajudam a reduzir os riscos cardiovasculares.
  • Coma com qualidade: Inclua frutas, legumes, grãos integrais e gorduras boas na dieta e evite alimentos ultraprocessados.
  • Relaxe: Técnicas de meditação, pausas durante o dia e hobbies podem ajudar.
  • Priorize o sono: Dormir bem é essencial para a saúde cardiovascular.
  • Diga não aos excessos: Cigarro e álcool são grandes inimigos do coração e do cérebro.

Infarto aos 34: técnico de informática muda estilo de vida após susto com doença silenciosa

Aos 34 anos, o técnico de informática Marcos Schmidt enfrentou um infarto que transformou sua vida. Na época, ele nunca imaginou que algo tão grave pudesse acontecer tão cedo. Hoje, após 19 anos dedicados a uma rotina saudável, ele compartilha a importância de cuidar do coração.

“Eu nunca na minha vida pensei que pudesse ter um infarto com 34 anos. Fazer check-ups, procurar um médico de confiança, cuidar da alimentação e fazer exercícios são obrigações para quem quer ter uma saúde muito melhor”, afirmou Marcos.

O infarto foi uma surpresa para ele, que até então não sentia nenhum sintoma. “Para mim, estava tudo normal. Mas um dia, do nada, senti dor no lado direito do corpo e falta de ar. No hospital, descobriram que eu tinha uma veia entupida no coração”, relatou.

Após o diagnóstico, ele precisou de internação e acompanhamento médico na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Doença silenciosa se torna mais comum entre jovens

Casos como o de Marcos, com infartos em pessoas jovens, têm se tornado mais frequentes, especialmente durante e após a pandemia de Covid-19.

Segundo especialistas, o fenômeno já era previsto com base em pandemias anteriores, como a gripe espanhola de 1918, que também gerou um aumento significativo nas doenças cardiovasculares.

O cardiologista que acompanha a situação explica as razões desse aumento: o estresse prolongado, sedentarismo, má alimentação e complicações diretas da Covid-19 são alguns dos principais fatores que elevam os riscos cardíacos em diferentes faixas etárias.

Prevenção é essencial

Para Marcos, o susto com o infarto foi o ponto de partida para mudar seus hábitos. Ele destaca que a prática regular de atividades físicas e os cuidados com a saúde são fundamentais. “Não é opcional, é obrigação cuidar da sua saúde. Você ganha mais qualidade de vida e evita problemas como o que eu tive”, reforça.

O alerta é claro: a prevenção, com consultas regulares e um estilo de vida equilibrado, é a chave para reduzir o impacto das doenças cardiovasculares e garantir mais anos de saúde e bem-estar.

Fonte: primeirapagina

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