Com o verão a todo o vapor e a possibilidade das chuvas se intensificarem ao longo da estação, segue o alerta de combate ao mosquito causador da dengue, o Aedes aegypti, em Campo Grande.
Nesta quarta-feira (7), o fumacê voltou a circular em Campo Grande, nos bairros com maior incidência da dengue na capital. O serviço de combate ao mosquito estava suspenso há quase um ano.
Além do fumacê, neste ano, também serão intensificadas as ações de manejo e visitação domiciliar nas regiões com alta incidência da doença. Até então, a aplicação do inseticida estava sendo feita somente com uso de bombas costais em ações pontuais.
O coordenador da Coordenadoria Estadual de Controle de Vetores, Vagner Ricardo Santos, explica que para uma maior eficácia do inseticida, é necessário que o morador abra portas e janelas, assim o veneno consegue atingir os locais onde há maior probabilidade de estarem os mosquitos.
“O inseticida atinge os mosquitos adultos, preferencialmente as fêmeas, que são as transmissoras das doenças. Ainda assim é possível que outras espécies sejam atingidas e, por isso, é necessária uma aplicação criteriosa do veneno”.
Vagner Ricardo Santos.
O representante lembra que o método do fumacê é complementar, e por isso a importância da população manter os cuidados para evitar a proliferação do mosquito.
“É importante que a população colabore não deixando água parada, evitando assim que os mosquitos se proliferem. Os nossos levantamentos apontam que 80% dos focos estão dentro das casas e em materiais inservíveis passíveis de serem descartados no lixo comum, como vasilhas, baldes e pequenos reservatórios, por exemplo”.
Vagner Ricardo Santos.
O carro do fumacê começa a passar pelas ruas às 16h e têm previsão de término às 22h.
Resistente e perigoso
Também transmissor da zika e chikungunya, o “Aedes” tem se adaptado ao longo do tempo e se tornando cada vez mais resistente. Professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o entomologista Antônio Pancraceo, especialista em insetos, explica que o aedes aegpty tem uma grande capacidade de adaptação.
“Ele pode se desenvolver até em uma fossa. Obviamente, o número de descendentes dentro de uma fossa é muito menor do que uma água mais limpa. Mas ele é capaz de explorar esses ambientes também”.
Antônio Pancraceo.
Até o uso de luzes artificiais fez com que a espécie mudasse os hábitos de transmissão, explica o professor.
“Antigamente a gente fala ‘o mosquito só pica durante o dia e de tardezinha’. Mas o mosquito também pode picar durante a noite, devido à lâmpada fluorescente. Se ela está acesa, o mosquito – pelo seu instinto – vai entender que é dia. E se essa fêmea tiver a necessidade de fazer o repasse sanguíneo, ela vai picar alguém próximo e pode transmitir a doença”.
Antônio Pancraceo.
Tais situações reforçam que o único caminho para impedir o avanço da dengue é acabando com os locais com água parada onde o mosquito pode se reproduzir. O mesmo alerta também vale para o poder público.
Alerta
Do dia 1° de janeiro a 6 de fevereiro deste ano, foram notificados 816 casos de dengue em Campo Grande. Até o momento não houve a notificação de nenhum caso de zika e apenas 1 chikungunya.
Em todo o ano passado, a Capital registrou 17.033 notificações de dengue e seis óbitos provocados pela doença. Foram notificados, de janeiro a dezembro de 2023, 92 casos de zika e 176 de chikungunya.
Campo Grande fechou o segundo semestre apresentando redução significativa nos casos de dengue, se comparado com o período anterior. O pico da doença foi registrado em abril, com mais de 3 mil casos notificados.
Fonte: primeirapagina