Mato Grosso enfrenta um grave problema e lidera em número de casos. Em 2023, foi o primeiro estado brasileiro a alcançar os níveis de detecção de casos de antes da pandemia covid-19, com 129,65 casos por 100 mil habitantes. O tratamento medicamentoso da hanseníase envolve a associação de três antimicrobianos: rifampicina, dapsona e clofazimina, associação conhecida como Poliquimioterapia Única.
Por problemas que vão de casos reacionais graves a contraindicação de uma ou mais drogas, o tratamento também pode ser feito por um esquema substitutivo. Atualmente, em Mato Grosso, 18% dos pacientes são tratados com o esquema substitutivo. Por conta disso, os especialistas defenderam a necessidade de inclusão de dois medicamentos neste esquema, além de realizar aquisição dos remédios considerando a possibilidade de que 25% dos portadores da doença façam uso deste tratamento.
Outra conclusão é a revisão imediata do PCDT da hanseníase, flexibilizando o tempo de tratamento e possibilitando a mudança do esquema terapêutico por decisão clínica. Para que haja avanços nesta questão, os participantes defenderam a criação de um sistema robusto de monitoramento das prescrições e da adesão ao tratamento, com ênfase nos medicamentos substitutivos e na capacitação dos profissionais de saúde.
Presidente do CRM-MT, Diogo Sampaio explicou que a autarquia continuará acompanhando a implementação dessas recomendações e manterá o diálogo com os diversos entes envolvidos para garantir que as ações resultem em uma melhoria significativa no controle da hanseníase no estado. “O número de casos aumentou porque estamos capacitando cada vez mais os profissionais para realizarem o diagnóstico. Então, se há este número alarmante, significa que precisamos de ações coordenadas para avançarmos no tratamento da doença”.
No entanto, Sampaio elenca uma série de problemas enfrentados justamente no tratamento dos pacientes. “Temos enfrentado resistência da doença ao tratamento convencional, o que, e isso os especialistas presentes concordaram, que ampliar os tratamentos substitutivos. Além disso, há pacientes que não estão curados após os 12 meses previstos no protocolo. Precisamos que o Ministério da Saúde disponibilize tratamento para além do período previsto nestes casos. Em suma, avançamos muito na questão do diagnóstico, agora precisamos que o mesmo ocorra no aspecto do tratamento”.
Participaram das discussões representantes do Ministério da Saúde (MS), Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MP-MT), Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (COSEMS-MT), Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN-MT), Movimento de Reintegração das Pessoas Acometidas pela Hanseníase (MORHAN) e Movimento Nacional das Doenças Negligenciadas.
Fonte: leiagora