Andar de moto no frio é difícil e desafiador para a saúde, mas com os cuidados certos, é possível fazer isso em segurança. Nesse caso, é essencial que os motociclistas redobrem os cuidados para evitar doenças típicas dessa época.
Encarar as madrugadas geladas recentemente não tem sido fácil para o motoboy Matheus Mendes, que sai de casa às três da manhã. Para suportar a sensação térmica muito mais baixa do que marca o termômetro, ele utiliza três camadas de roupas.
“Uso três casacos e uma capa por cima, sendo corta-vento. Nas pernas, coloco duas calças e, se esfriar mais, uso uma capa por baixo também. Normalmente, uso touca, capacete, balaclava que só deixa os olhos à mostra, e luvas. O pior do frio é nas mãos; quando estou pilotando, as mãos travam e sinto muita dor. Semana passada peguei um resfriado forte. Achei que era dengue, mas o médico disse que a mudança de clima contribuiu. Fiquei mal por dois dias, mas continuei trabalhando, não posso parar”.
Matheus Mendes, motoboy.
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O operador de empilhadeira Ademar de Mato vai ao trabalho de bicicleta. O vento gelado no rosto é o que mais o incomoda durante os trajetos.
“Esse friozinho de manhã é complicado, o vento no rosto. Coloco touca e casaco e vou para o trabalho. Acordo às cinco da manhã. Essa madrugada foi muito fria, mais que a anterior. Tomo um cafezinho quente e vou para o serviço. Passo hidratante no rosto e nos braços. Incomoda e arde os olhos, não é fácil. Ainda não está tão frio, se esfriar mais, complica”.
Ademar de Mato.
Esta semana as temperaturas em Mato Grosso do Sul despencaram, registrando as mais baixas do ano, até o momento, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia.
Em algumas cidades, a temperatura chegou aos 5°C, com sensação térmica ainda mais baixa, de -0°C. Nas regiões mais quentes, a máxima não passou de 15°C.
Motociclistas e ciclistas sentem mais intensamente a onda de frio. O médico pneumologista Henrique Brito destaca as doenças respiratórias mais recorrentes.
“Podem surgir gripes, resfriados, doenças alérgicas como rinite, asma, bronquite, e doenças mais graves como pneumonia bacteriana ou viral, incluindo COVID e influenza. O frio é a porta de entrada para várias doenças. Começa com um quadro viral e eventualmente evolui para um quadro bacteriano. Minha imunidade caiu por um vírus, aí vem covid-19, influenza, e depois pode sobrepor um quadro bacteriano mais intenso.”
Henrique Brito, pneumologista.
Por conta disso, ele recomenda que a proteção seja fundamental para este público.
“Esse ar mais gelado e seco pode ser ruim para nossa respiração e saúde em geral. Pode causar ressecamento da mucosa oral e nasal e dificultar a respiração. Isso realmente pode causar problemas respiratórios para os trabalhadores ciclistas e motociclistas. Devem se agasalhar bem, o capacete ajuda, mas usar óculos para proteger os olhos e hidratação para o rosto são importantes. Tomar bastante água e usar soro fisiológico nas narinas ajuda a evitar o ressecamento”, pontua.
Além de se manter bem aquecido, também é necessário atenção com a alimentação. A nutricionista Priscila Borges Zuffo dá dicas para auxiliar na imunidade.
“A primeira dica é não deixar de consumir água, a hidratação é muito importante neste período. A segunda é consumir pelo menos três frutas diariamente, naturais ou em mingau, vitaminas e bolinhos. Não deixe de consumir também fontes de proteínas como ovos, carnes vermelhas, aves e peixes, que podem ser adicionados aos caldos e sopas, ideais para esta estação. Consuma abóboras, mandioca, legumes e verduras e use temperos naturais como alho, cebola, azeite extra virgem e ervas aromáticas.”
Priscila Borges Zuffo, nutricionista.
Por outro lado, há quem goste do frio. O autônomo Michael Machado prefere aproveitar a época do ano.
“Saio às quatro da manhã. Só uso blusa, sem luva ainda. Duas blusas e uma calça, porque gosto do frio. Tem gente que reclama, mas nosso Campo Grande é bem calorento, temos que aproveitar quando faz frio. Para mim está ótimo”.
Michael Machado.
Fonte: primeirapagina
