Nayara Aline Spohr, cuiabana que vive na Espanha desde julho de 2023, faz doutorado na área de desastres climáticos e busca formas para que as cidades possam se preparar para eles. Estudante da Universidade de Barcelona, uma das melhores do país, ela é orientada por Javier Vide, professor que liderou um grupo vencedor do Prêmio Nobel da Paz, em 2007. Além disso, Nayara Spohr trabalha em sua própria empresa, que atua na área de preservação do meio ambiente.
O doutorado da geógrafa Nayara na Universidade de Barcelona vem após a conclusão de dois mestrados, sendo um concluído no Brasil, com o tema Ambiente e Desenvolvimento Regional, pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e um em Planejamento Territorial e Gestão Ambiental, pela Universidade de Barcelona.
A pesquisa de doutorado da cientista tenta entender como as cidades têm se planejado e se adequado às mudanças climáticas, além de buscar soluções para futuras adaptações dos centros urbanos. O foco de sua pesquisa não é Cuiabá, mas sim a cidade de São Paulo, porém as soluções que ela propõe em seu estudo podem ser replicáveis em diferentes cidades, incluindo a capital mato-grossense, que sofre com o calor.
“Eu quero fazer um estudo que seja replicável em outras cidades brasileiras, como Cuiabá. Eu vou analisar a adaptação climática urbana da cidade de São Paulo, trazendo um cenário passado e futuro. Com isso, eu quero proporcionar uma utilização de novas ferramentas e ajudar os gestores do planejamento urbano nas cidades a criar políticas públicas que sejam eficientes e direcionadas para as cidades terem o melhor conforto com relação ao clima”, explica Spohr.
Nayara Aline Spohr nasceu em Nova Xavantina (645 km a Leste), mas se considera cuiabana, pois viveu na capital desde criança, no bairro CPA IV. Ela conta que o local não tinha saneamento básico ou asfalto e que ter se formado e alcançado outros lugares representam uma grande vitória pessoal para ela.
Além de ser orientada por Javier Vide, ela também tem uma co-orientadora no Brasil, a professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, Maria Fernanda Lemos.
“Eu fiquei muito feliz. Vou ter um orientador e uma co-orientadora que são duas pessoas super reconhecidas no meio acadêmico, que têm credibilidade e que falam sobre as mudanças climáticas. Ter a oportunidade de ser guiada por eles na minha trajetória acadêmica é uma grande satisfação”, relatou ela.
Na Espanha, ela vive com o marido. Os dois migraram para o país com um visto de nômades digitais em julho de 2023. O mestrado em Barcelona foi concluído em um ano e agora ela desenvolve seu doutorado.
Nayara Aline Spohr percebeu que não gostaria de ficar somente ao lado das pesquisas na luta pelo meio ambiente, mas também auxiliar na prática, principalmente no estado em que nasceu e cresceu.
Hoje, ela e o marido fundaram a empresa EV-Y que está sendo estruturada e busca investidores, mas que tem como o principal foco resgatar e preservar áreas nativas. A empresa de Spohr vai receber investimentos também em crédito de carbono e crédito verde, de uma forma que os investidores obtenham retorno.
“Eu sempre quis fazer algo que impactasse o mundo. Quando estava na faculdade, sempre me interessei por mudanças climáticas, quando vim para a Espanha já estava decidida a fazer minha pesquisa exatamente nessa área e tudo se encaixou”, explicou ela.
Com um sonho de transformar o mundo, ela trabalha em diferentes frentes, pois é daquelas que acredita que, mesmo que muitos digam que a situação das mudanças climáticas pode ser irreversível, ainda existem coisas que possam ser feitas para cuidar e melhorar, não apenas o planeta, como a qualidade de vida dos seres vivos que nele habitam.
O orientador de doutorado de Spohr é um espanhol que já foi premiado por atuar em painéis de mudanças climáticas. Javier Vide foi listado também entre os 2% de pesquisadores mais citados em pesquisas e artigos pelo ranking Stanford/Elsevier’s no ano de 2022.
Ele participou como revisor duas vezes no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) e foi o líder do grupo que recebeu o prêmio Nobel da paz em 2007.
O IPCC é um órgão da ONU que avalia a ciência relacionada às mudanças climáticas. O painel é composto por cientistas que monitoram a ciência global sobre mudanças climáticas e elaboram relatórios publicados em 6 idiomas e que podem ser usados como forma de desenvolver políticas climáticas adequadas ao que foi estudado e percebido nas pesquisas.
Fonte: gazetadigital