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Ator de ‘Avatar’ esqueceu que voltaria para sequência de filme

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Era dezembro de 2009 quando “Avatar” invadiu os cinemas para se tornar o filme mais bem-sucedido de todos os tempos em arrecadação. Goste ou não dele, lembre ou não de seus detalhes, trata-se de um filme que evoca sentimentos. Bons ou ruins.

Se, há 13 anos, uma tecnologia 3D jamais vista antes abriu as portas para que a aventura futurística criada por James Cameron (“Titanic”) se tornasse referência para o cinema, o desafio agora é outro. Será que o retorno a Pandora é capaz de continuar rompendo barreiras?

Em “Avatar: O Caminho da Água”, o público conhece a história da família Sully, formada por Jake (Sam Worthington), Neytiri (Zoe Saldaña) e, agora, os filhos do casal. Eles precisam encontrar uma maneira de se manterem a salvo em meio a tragédias e ameaças — algumas, novas; outras, nem tanto.

Embora o retorno de atores como Worthington e Saldaña fosse algo certo desde as primeiras informações sobre ‘Avatar 2’ surgirem, eles não são os únicos que estão de volta na sequência. Graças à evolução tecnológica dentro da história, alguns outros personagens que eram dados como mortos também fazem novas aparições.

Estamos falando dos personagens de Sigourney Weaver e Stephen Lang — respectivamente, a Dra. Grace Augustine e o coronel Miles Quaritch.

No primeiro filme, Quaritch era parte do projeto humano para tirar recursos de Pandora, e morreu em confronto com os Na’Vi. Agora, volta como Recombinante, ou recom, avatar especializado preenchido com memórias de um humano.

Por isso, com as memórias do que aconteceu com ele no passado, o vilão volta mais furioso do que nunca.

“Eu sabia há algum tempo, mas eu não acreditava”, conta Lang, sobre o retorno do seu personagem, em entrevista a Splash. “Fui avisado bem no início, da maneira mais informal possível. Não foi em uma reunião ou algo do tipo, a gente estava tomando uma cerveja, e isso foi em 2007. E sabe o que eu fiz? Eu imediatamente enterrei aquela informação e me esqueci dela, porque eu estava focado em fazer tudo certo em ‘Avatar’.”

O ator conta que só foi relembrado da conversa três anos depois, pelo próprio James Cameron, e nem acreditou que o que tinha ouvido era verdade.

“Em janeiro ou fevereiro de 2010, estávamos no jantar anual do PGA Awards [prêmio do sindicato dos produtores], e Jim me pediu para apresentá-lo antes de ele receber seu prêmio. Fiquei honrado. Então, na mesa do jantar, ele me disse casualmente: ‘e, aliás, você volta para todas as sequências’. E eu falei: ‘O QUÊ?!’ Ele retrucou: ‘Eu te contei isso!’, e ele estava se referindo àquela vez que tomamos uma cerveja. Ele se lembrava, mas eu achei que ele estava bêbado ou algo do tipo.”

A lenda que virou realidade

Durante os anos entre o anúncio de que “Avatar” ganharia continuações e o lançamento, muitos duvidaram do cumprimento desta mesma promessa. Afinal, inúmeros adiamentos fizeram público, executivos e até familiares de atores duvidarem de que os filmes veriam a luz do dia — ou melhor, o escuro do cinema. Mas essa dúvida jamais foi uma questão para Lang, bravo defensor de que os atrasos sempre tiveram uma razão.

“Eu sabia que o trabalho estava sendo feito. E, por fazer parte, eu consigo entender a demora, a demanda de esforço e a atenção meticulosa aos detalhes necessária para preparar um filme como este”, conta o ator, destacando que tudo dependia de um único homem.

“Há milhares de pessoas trabalhando nisso, mas tudo começa e termina com Jim Cameron. E, no fim das contas, ele é um homem só, que precisa lidar com uma coisa de cada vez. É um processo meticuloso e demorado, mas eu nunca duvidei de que o filme sairia.”

“Eu duvidei se estaria vivo para ver, pois estou envelhecendo, mas eu sabia que aconteceria”, ri.

Isso não quer dizer que ele não tenha sido muito questionado na última década, toda vez em que um novo adiamento era noticiado. “Eu ouvia dos meus filhos e de Tina, minha esposa, o tempo todo: ‘O que está acontecendo com Avatar? Vai acontecer mesmo?’ E eu sempre tentava acalmá-los.”

Novos desafios

Em “O Caminho da Água”, o tema de “Avatar” se expande, e o filme será focado nos oceanos de Pandora. Em 2016, Cameron havia prometido que esta seria uma saga de família, com os Sully sendo obrigados a sair de casa e explorar regiões mais distantes de Pandora. Tudo isso abre espaço para discussões mais amplas sobre reservação ambiental.

A questão ambientalista, aliás, já era um dos pontos primordiais de “Avatar” em 2009 e, para a continuação, há a expectativa de uma evolução do debate. No primeiro filme, o grande confronto girava em torno do grupo de humanos querendo explorar os recursos naturais de Pandora, colocando em risco a espécie nativa. Agora, o desafio é desdobrar o tema.

Mas como fazer isso de forma inovadora, sobretudo diante de um assunto tão clássico?

“Os temas de ‘Avatar’ são atemporais e, simultaneamente, pontuais. Se estamos falando sobre tomar conta do planeta e questões ambientais, obviamente são temas atuais, mas são eternos, clássicos. No entanto, agora são mais pertinentes do que nunca”, reflete Lang.

“No Brasil, vocês estão no epicentro de um debate urgente, sobre a necessidade de preservação da Floresta Amazônica e a Mata Atlântica”, continua, em conversa por Zoom.

“Há muitas maneiras de se transmitir a mensagem e fazer alerta sobre a importância de se olhar para os temas ambientais, e o mais palatável para maioria é através da metáfora que a arte apresenta.”

Segredos tecnológicos

Após dezenas de filmes do Universo Cinematográfico Marvel, alienígenas roxos lutando entre prédios, bruxos voando em vassouras e até um Luke Skywalker (Mark Hamill) rejuvenescido em “The Mandalorian”, é fácil perder de vista a perspectiva das transformações tecnológicas que tomaram conta do audiovisual nos últimos anos.

Grande parte do que conhecemos como a estrutura de operação do cinema moderno, quando falamos de blockbusters, deve-se à ambição de Cameron com seu “Avatar” lá em 2009. O uso das técnicas de captura de movimento e o resgate do 3D são frutos da viagem a Pandora, e o uso extenso do CGI mostrou como a tecnologia poderia abrir novas portas no mundo do cinema.

13 anos depois, a técnica que levou tantas pessoas ao cinema e transformou “Avatar” no grande sucesso de bilheteria que ele é não significa mais, necessariamente, algo “de outro mundo”. Surpreender a audiência como práticas avançadas exige um novo esforço.

Por isso, o elenco prefere focar na ideia de “filme-evento” como um atrativo para a ida do público ao cinema.

Em uma realidade em que o mercado cinematográfico ainda se recupera, a passos lentos, da pandemia da covid-19 — e precisa lidar com a realidade da avalanche de lançamentos do streaming —, o apelo para prestigiar “Avatar 2” na telona tem mais relação com a experiência coletiva.

“Filme-evento” é exatamente o apelo de filmes do Universo Marvel. Pense, por exemplo, na gritaria das sessões de “Vingadores: Ultimato” (2019) quando todos os heróis vão voltando para enfrentar Thanos (Josh Brolin), ou na mesma gritaria de quando um trio de Peter Parkers se reúne em “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” (2021).

É mais ou menos isso que busca “Avatar: O Caminho da Água”.

“Para mim, a ideia de uma geração de crianças crescendo sem passar pela experiência de ir ao cinema é impensável”, confessa Lang.

“Hoje, eu acho que nós sabemos que a experiência do cinema nunca voltará a ser o que era nos anos 20, 30 ou 40. Sempre haverá mudanças, mas a cinematográfica nunca será duplicada, e alguns filmes foram feitos para ser vistos em uma tela grande, com o 3D, imersão de som e tudo aquilo que a tecnologia pode nos proporcionar. ‘Avatar: O Caminho da Água’ está no ápice dessa onda específica do cinema.”

Fonte: https://www.uol.com.br/splash/noticias/2022/12/14/10-anos-no-forno-ator-de-avatar-esqueceu-que-voltaria-para-sequencia.htm

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