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ALMT revoga proibição: enfermeiros podem atender pacientes de ambos os sexos

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Nova lei que que permitia que os cuidados íntimos de pacientes hospitalares só fossem realizados por profissionais da enfermagem de mesmo sexo, foi revogada pela ALMT () nesta quarta-feira (28).

Saúde de Cuiabá têm mais de 570 profissionais afastados pela covid-19
Enfermeiros. (Foto: divulgação)

O pedido de revogação foi apresentado pela categoria à Comissão de Saúde da ALMT antes do período de recesso parlamentar. A votação final foi adiada por diversas vezes, no entanto após ampla polêmica, na sessão desta quarta, os deputados votaram a pauta.

A CCJ (Comissão de Constituição e ) apresentou parecer contrário à revogação da lei, no entanto, o parecer foi derrubado com a votação em plenário. O placar ficou assim:

  • 15 deputados votaram contra o parecer
  • 4 votaram favoráveis
  • 5 não estiveram presentes

Com isso a lei foi revogada e agora vai a Sansão do governo do estado de Mato Grosso.

Lei de gênero da enfermagem

Segundo o documento de autoria deputado Sebastião Rezende – Lei 12.542 – e sancionado pelo governador Mauro Mendes, a determinação é que os pacientes recebam cuidados banho, troca de roupas e fraldas apenas por um profissional de enfermagem do mesmo sexo.

Lei de MT determina que pacientes não podem ser atendidos por profissionais da enfermagem que sejam de sexo oposto. (Foto: Pedro Ventura/Agência Brasil)
Lei de MT determinava que pacientes fossem atendidos por profissionais da enfermagem do mesmo sexo. (Foto: Pedro Ventura/Agência Brasil)

Ainda segundo o texto, os profissionais que forem responsáveis por cuidados íntimos de pacientes do sexo oposto serão realocados em suas atividades nas unidades de saúde em que atuam, sem alterações salariais.

Discussão nacional

A lei foi sancionada e publicada no Diário Oficial do Estado no dia 16 de junho deste ano. A nova regra gerou discussões nacionais nas redes sociais, como o posicionamento do ex-BBB e enfermeiro Cezar Black.

Cezar chama a situação de “absurda” e afirmou que a lei trata o profissional de enfermagem com “preconceito e desrespeito”.

Cezar ainda cita a possibilidade de que a lei fosse um avanço em casos de proteção aos pacientes contra abusos. Porém, lembra a diferença na porcentagem de gênero dos profissionais da categoria e explica que, com as novas regras, não haveria enfermeiros suficientes para anteder pacientes homens, por exemplo.

Conforme a pesquisa de Perfil da Enfermagem no Brasil, realizada em 2015 pelo Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), cerca de 85% da categoria é formada por mulheres e apenas 15% são homens.

“Na falta de profissionais do mesmo sexo estes pacientes ficarão sem banho, sem troca de fralda? Já imaginou o atendimento num Pronto Socorro ser BLOQUEADO por falta de profissionais homens ou mulheres de plantão?”, diz trecho da postagem.

O que diz o Conselho de Enfermagem

Para o Conselho Federal de Enfermagem e Coren-MT (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso), a sanção da lei é vista como uma “decisão equivocada” e pode gerar “prejuízos irreversíveis à saúde da população”.

Além disso, os órgãos afirmam que a lei é inconstitucional, já que o art. 5º XIII da Constituição Federal estabelece que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Outro ponto é que a Lei 7.498, de 25 de junho de 1986, estabelece o exercício profissional da Enfermagem e não estipula o sexo do trabalhador ou trabalhadora para isso.

“Para além das questões legais, é repudiável a sexualização do cuidado à saúde, como se fosse possível determinar a condição de segurança do paciente a partir do sexo do profissional que lhe presta cuidado à saúde. Essa interpretação é desprovida de fundamento legal e científico”, diz trecho da publicação dos órgãos em canais oficiais).

Ambos os órgãos participaram do projeto de visa a revogação da lei na ALMT.

Fonte: primeirapagina

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