Via @portalmigalhas | Em um universo onde domina a seriedade, algumas histórias fogem do comum e mostram o lado humano e curioso da profissão do advogado.
Nós conversamos com advogados e, graças às contribuições enviadas por leitores através das nossas redes sociais, reunimos boas histórias daqueles que, diante da impossibilidade de pagamento em dinheiro, receberam honorários das maneiras mais inusitadas.
O respeitado advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira (Advocacia Mariz de Oliveira) compartilhou com os migalheiros experiências pitorescas sobre honorários recebidos durante sua carreira. “Palmito, frango, leitão e cachaça fazem parte do meu rol de honorários”, conta.
Ele descreve que, em certa ocasião, ao chegar em casa com uma quantidade generosa de palmitos, enfrentava reclamações da esposa pela falta de espaço para armazená-los. “Não tinha mais onde guardar tanto palmito, e nós não dávamos vazão a tanto.” Além dos palmitos, Mariz frequentemente recebia cachaça, especialmente de clientes do interior, como uma forma de gratidão que, segundo ele, era mais comum entre as pessoas mais pobres do que entre os clientes mais abastados.
Confira:
O conhecido criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, contou à redação que, no começo da vida profissional, é preciso trabalhar em todas as áreas e aceitar as propostas mais inusitadas.
Ele começou como advogado criminal em Brasília, e atuou para um dono de mercearia em Planaltina de Goiás. “A tese era interessante, dava uma mídia boa. Mas fui conversar com ele e ele falou: só posso pagar uma leitoa.” “Então, meus honorários foram uma leitoa, e uma galinha“, contou o advogado, aos risos.
Nas respostas à caixinha de perguntas do Instagram, as mais variadas respostas surgiram: pote de bolinhos de chuva, potes de sorvete, piscina de fibra e até uma corda de caranguejos – vivos!
No Instagram do Migalhas, advogados contam as formas mais inusitadas de recebimento de honorários.(Imagem: Reprodução/Instagram)
O advogado e professor Luís Rogério Barros, de Barueri/SP, também compartilhou episódios peculiares. Após a crise financeira de um cliente proprietário de nove lojas de roupas, Barros e seu sócio resolveram a situação de uma maneira não convencional: aceitaram pagamento em biquínis. “Minha esposa e a do meu sócio puderam escolher mercadorias até o dobro do valor devido. Elas adoraram!”, disse com bom humor. Em outra situação, um cliente pescador pagou seus honorários com vários tucunarés, e um terceiro caso envolveu um proprietário de adega que teve de fechar o estabelecimento e liquidou seus débitos entregando bebidas como forma de pagamento.
No interior do Paraná, uma advogada relatou receber pagamentos que variaram desde frangos caipiras e abobrinhas até sapatos e bolachas caseiras. “Como não receber? Cidade pequena, pessoas simples”, explicou, destacando o aspecto humano que define as interações entre advogados e clientes.
Durante a pandemia de covid-19, as circunstâncias atípicas continuaram. Uma advogada contou ao Migalhas que atuou em uma regularização de IPTU de imóvel cuja proprietária era dona de um sex shop. Com a pandemia, a cliente ficou impossibilitada de pagar todo o valor acordado, e a forma que encontrou de liquidar parte dos honorários foi pagando com produto da loja: um vibrador. “Achei interessante para aquele momento de pandemia, e aceitei. Tenho ele até hoje”, disse entre risos.
As narrativas, além de ilustrarem a adaptabilidade dos profissionais do direito, mostram como as relações humanas ultrapassam os limites formais da advocacia, criando laços duradouros, pagos não apenas com dinheiro, mas também com gratidão e, muitas vezes, com um toque de criatividade e humor.