Rebecca Black conversou com o POPline no último dia 6, mesmo dia em que Donald Trump foi decretado como novo presidente dos Estados Unidos após vitória contra Kamala Harris. A cantora californiana de 27 anos estava visivelmente abalada com o resultado das eleições, mas foi convidada a ir na contramão do cenário político estadunidense e falar de coisa boa: “TRUST!”, o último single lançado por ela.
13 anos após dar vida a um dos primeiros virais da internet, com a música “Friday”, que acabou ganhando um ‘quê’ de meme e rendendo desdobramentos negativos para a carreira da cantora nos anos que vieram em sequência, Rebecca enfatiza a ‘guinada’ em sua carreira e exibe seu domínio do pop em “TRUST!”, single lançado em meados de outubro que foi aclamado entre a comunidade queer, inclusive no Brasil. Ao POPline, a cantora falou sobre esse movimento, planos de visitar o nosso país e revelou estar “obcecada” por Pabllo Vittar, com quem almeja um feat. Confira!
Ao contrário do que muita gente pensa, o single “TRUST!” não crava um ‘comeback’ na carreira de Rebecca, já que ela nunca parou de fazer música desde que ‘bombou’ na internet com o viral “Friday”. O que acontece é que, com esse último lançamento, que atraiu maior visibilidade, ela provou que pode ser colocada no mesmo patamar de artistas que já estão na estrada há algum tempo, mas que vivem um movimento de ascensão só agora, a exemplo de Addison Rae e até mesmo cantoras que reinaram na indústria musical em 2024, como Sabrina Carpenter e Chappell Roan.
“Eu senti que genuinamente me permiti experimentar um novo tipo de liberdade. Tipo, uns anos atrás eu nunca me imaginaria fazendo um verso de rap sobre sexo. Mas valorizo muito isso de me permitir me expressar de maneiras que as pessoas de fora sequer cogitariam. Me diverti muito fazendo essa música, quase chegamos a terminar tudo em um único dia. Acho que é essa coisa da liberdade que permitiu essa conexão por parte do público”, contou Rebecca ao POPline, quando convidada a refletir a respeito de qual teria sido o ‘tempero’ especial colocado em “TRUST!” durante o processo criativo.
A artista diz que, se aos olhos do público “TRUST!” é classificada como uma ‘pop perfection’, eles podem esperar mais disso no futuro. Rebecca está preparando um novo álbum de inéditas, que sucede os trabalhos do “Let Her Burn” (2023).
Ela garante que a sonoridade e toda a atmosfera do novo projeto são bem diferentes se comparado ao anterior, e já adianta que os fãs devem ser presenteados com um novo single ainda esse ano, enquanto o álbum deve vir em 2025. Inclui-se aos desejos da cantora para o próximo ano ou algum outro momento uma vinda ao Brasil e parcerias com nomes como Tinashe e Pabllo Vittar.
“É barulhento, é ‘camp’, é solar, radiante. Acho que é totalmente o oposto do meu último álbum, que é bastante dark, introspectivo. Eu estava processando alguns encerramentos de ciclo nesse último disco […]. Agora eu poderia dizer que é a coisa mais ‘cheia de cor’ que já fiz”, define a cantora a respeito do próximo disco.
Um outro ‘tempero’ adicionado à nova fase de Rebecca Black viria a ser uma consciência maior sobre quem ela é como artista e como pessoa e o lugar que ocupa na indústria musical.
A cantora já verbalizou, no passado, o quanto sofreu após o viral “Friday”, já que, em contraponto à visibilidade que ganhou na internet, ela viu as portas do mercado se fecharem para ela, enfrentando uma resistência severa por parte de produtores musicais que não a levavam a sério e não queriam trabalhar com ela.
Rebecca chegou a sofrer de depressão e ansiedade, além do tempo em que se via presa em questionamentos que ela mesma fazia sobre seu valor como artista. Hoje, ela coloca toda essa situação num lugar de passado distante e entende que tudo mudou quando passou a priorizar sua própria perspectiva e encontrou seu real público.
“Eu acho que levaria um longo tempo para aquela Rebecca [de ‘Friday’] processar isso, mas confiar na sua intuição e na sua verdade é tudo nessa indústria […]. Não importa quantas pessoas tentem te fazer acreditar que você precisa suprir as expectativas delas para chegar a algum lugar, tudo se trata na real da perspectiva individual de cada um, que é o que faz as pessoas se conectarem acima de qualquer coisa. Quando achei a ‘galera’ que realmente confiava em mim, isso me motivou a seguir adiante”, reflete a cantora.
E, por falar em público, ela sabe que é a comunidade LGBTQIAPN+, majoritariamente, que está consumindo “TRUST!” e que está de olho em todos os seus passos como artista. Para Rebecca, a importância desse apoio vai para além da arte, já que ela enfatiza que o suporte desse público a ajudou, inclusive, a se entender como uma pessoa queer.
“Eles [a comunidade LGBTQIAPN+] estavam aqui antes que qualquer pessoa estivesse e essa relação com a comunidade queer tem sido algo gigantesco até pro entendimento da minha própria sexualidade. A presença dessas pessoas na minha vida me ajudou a confiar mais na minha intuição e a ser eu mesma. Como artista, também vejo como eles se dedicam a dar suporte independentemente de entender que aquilo não é a coisa mais popular do mundo, então sou eternamente grata a isso. Acho que o mundo tem muito a aprender baseado em como as pessoas queer vivem”, diz Rebecca ao POPline.
Fonte: portalpopline