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Música

Entrevista com BNegão: Explorando novos horizontes em Metamorfoses, Riddims e Afins

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Conectando passado e futuro, BNegão apresenta “Metamorfoses, Riddims e Afins”, primeiro álbum solo após décadas no Planet Hemp e Seletores de Frequência. O projeto reúne o orgânico e o eletrônico, este último, no entanto, estilo não muito explorado pelo artista como ele gostaria. “Eu sempre tive muita ideia para contribuir com essa cena, (…) acabou que não rolava porque tava fazendo banda banda banda (…).” Ao Portal ROCKline, BNegão compartilha detalhes do projeto, legado do Planet Hemp e mais.
“Muito da minha cultura de música vem do bumbo, caixa, eletrônico, enfim, o próprio rap clássico.”

– A paixão pelo eletrônico vem de muito tempo e o Kraftwerk, lendário grupo alemão precursor da música eletrônica, influenciou a trajetória de Bernardo Negron. O artista conta que um vídeo do duo formado em 1970 exibido no Fantástico, em 1986, mudou tudo. “[Era] Molequinho, fiquei maluco”. Além da dupla, BNegão cita como influências o eletrofunk, AfrikaBambaataaFront 242 – como bem lembrado por ele, a faixa “Headhunter” foi sampleada no hit “Cerol na Mão” do Bonde do Tigrão.

“Eu sempre tive muita ideia pra contribuir com isso, nessa cena, tanto do bass de mundial quanto do bass de nacional. Acabou que não rolava porque tava sempre fazendo banda banda banda… e, às vezes, eu dava uma puxadinha pro eletrônico e talz, mas no ao vivo, o orgânico, banda, né. Eu amo, mas eu queria muito fazer esse tipo de som há milênios.

Crédito: Vinicius Targa

– Ainda sobre “Metamorfoses, Riddims e Afins”, entre recriações e músicas inéditas, como a clássica “A Verdadeira Dança do Patinho” – que agora conta com BaianaSystem – o álbum foi pensado para ser um projeto no qual a música eletrônica fosse destaque. Ele começou a ser gravado em 2019 e finalizado em 2024!!!

“Me lembro quando tava fazendo o ‘Transmutação’ (álbum de 2015 dos Seletores) eu falei: ‘cara, a próxima coisa que vou fazer vai ser essa porque não dá para fazer em outra encarnação, tem que ser agora.”

O legado da banda para a cultura e política brasileira é inegável, principalmente pelos temas abordados. Sobre isso, BNegão traz uma reflexão interessante, já que entrou no grupo depois de formado, como ele destacou.

“Eu entrei quando a banda já existia, e um pedaço meu tem esse distanciamento, sacou? Pedaço até que uso mesmo pra ver como tá o caminho, como tão as coisas, apesar de estar na banda desde (19)95, eu sempre mantenho essa coisa porque acho saudável.”

Sobre o Planet Hemp sair do underground para o mainstream, BNegão refletiu: “Uma banda como o Planet ficar gigante traz um monte de coisa assim, tantos problemas que a gente teve, milhões com a polícia, com juiz, com sei lá o que, mas também com a energia de mudança, que isso pra mim foi o que me fez a entrar na música, lá trás com punk nacional. De fazer coisas que tentassem influir na realidade, na sociedade, em termo de mudança do que tava errado. E a gente conseguiu, isso é muito louco.”

A quantidade de gente que encontro ao longo dos anos, ativistas gigantescos no Brasil, em várias áreas, de diferentes atuações, vem falar comigo: ‘cara, o fio que puxei pra começar essa parada foram vocês, molequinho ouvindo no rádio, entrava do nada essa mensagem do nada que não foi feita para estar na grande mídia e acabou que tava lá’”.

O artista ainda brinca dizendo que o Planet Hemp seria aquela banda de um “disco raro”, “a banda que falava de maconha”, “o disco [que hoje] vale 500 reais“.. se não fosse o público que tivesse abraçado a ideia.

Seja solo, no Planet ou no Seletores, BNegão reafirma sua influência e importância na música e sociedade. Um artista que merece ser consumido em todos os seus momentos metamorfósicos.

Fonte: portalpopline

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