A declaração do papa Francisco legitima a lei do mais forte e encoraja desrespeito à lei internacional. É o que diz um comunicado da Ucrânia sobre fala do pontífice a respeito da guerra da Rússia contra o país.
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Em entrevista à tv estatal suíça RTS, no sábado 9, o jornalista perguntou ao líder católico sobre as possibilidades de acordo no conflito em território ucraniano, que já dura dois anos.
Francisco respondeu que Kiev deveria abrir negociações com a Rússia para encerrar a guerra. “Não há vergonha em negociar, antes que as coisas piorem”, sugeriu o religioso.
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“São mais fortes aqueles que veem a situação, que pensam no povo, que têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar”, afirmou o papa.
Na segunda-feira 11, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o núncio papal (responsável por questões diplomáticas no Vaticano) para manifestar sua “decepção” com o posicionamento do pontífice.
Ao embaixador do Vaticano na Ucrânia, arcebispo Visvaldas Kulbokas, a Ucrânia pediu que o papa evite declarações que “legalizem a lei do mais forte e encorajem mais desrespeito às normas do Direito internacional”.
Em comunicado, Kiev recomendou ainda que o papa mande “sinais à comunidade mundial sobre a necessidade de unir imediatamente forças para garantir a vitória do bem sobre o mal”.
O presidente da Associação Cristã dos Ucranianos na Itália, Oles Horodetskyy, também comentou as afirmações do papa. Ele classificou as falas como “chocantes, embaraçosas e profundamente ofensivas contra o povo que há mais de dois anos tenta sobreviver à terrível agressão russa”.
“Ao pedido de nos render ao carrasco do Kremlin, respondemos com resistência. Jamais teríamos imaginado receber esse pedido do nosso papa. Para um cristão, é inaceitável se render ao mal e ao pecado representados pela Rússia de Vladimir Putin”, disse Horodetskyy.
Fonte: revistaoeste